No início dos anos 80, a Porsche entendeu que o seu popular motor com seis cilindros opostos, que montava em modelos como o 911, serviria igualmente para aviões a hélice de pequenas dimensões, como os Cessna com capacidade para dois ou quatro adultos. Daí que tenha adaptado o 3.2 “flat six” refrigerado a ar para ser utilizado no… ar.

Os motores de avião necessitam de alguns requisitos adicionais, quando comparados com os dos carros, como possuir lubrificação por cárter seco, para que esta continue operacional mesmo em curvas prolongadas com grande pranchamento ou em voo invertido. Também a alimentação de combustível tem de garantir que continua a funcionar sem a ajuda da gravidade, ou seja, de cabeça para baixo, sendo ainda obrigatória a dupla ignição para que, se algo avariar lá em cima, o piloto tenha maior probabilidade de conseguir aterrar em segurança.

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A Porsche terá acautelado tudo isto no seu 3.2, que passou a denominar PF, de Porsche Flugmotoren, ou seja, motores de avião. Uma destas unidades está montada num avião actualmente à venda no Marketplace por 140.000 dólares, cerca de 125.000€.

O aparelho em causa é um Mooney M20L, fabricado nos EUA em 1988, construtor que é hoje controlado por capital chinês. O seu proprietário, fã da Porsche, aproveitou a presença do seis cilindros para forrar todo o cockpit com o símbolo da marca. O motor, em si, debita 220 cv, uma potência similar ao motor Continental que a Mooney montava nos M20K, que reivindicavam 213 cv. Contudo, estes motores concebidos para a aviação possuem uma capacidade superior, entre 5 e 9 litros, em vez dos 3,2 da Porsche, debitando a mesma potência mas a um regime muito inferior, cerca das 2000 rpm, em vez das 5300 rpm do motor alemão, o que deixa antever menos resistência e períodos mais apertados entre revisões, com a Porsche a recomendar 400 horas, contra mais de 2000 de concorrentes como a Continental ou a Lycoming.

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