Nasceu em Yaoundé, nos Camarões, em outubro de 1980. Ainda assim, e aos 39 anos, é um nomes mais do que reconhecido e unânime no futebol português. Chegou ao V. Setúbal em 2000 e lá esteve durante cinco temporadas, até se transferir para o Belenenses. Esteve só um ano no Restelo, até se aventurar pelo futebol espanhol através do Levante e do Albacete, voltou a Portugal para jogar no Sp. Braga e acabou por regressar ao V. Setúbal, onde terminou a carreira em 2017, com uma passagem pelos angolanos do Kabuscorp pelo meio.
Depois de deixar aos relvados, aos 36 anos, integrou a estrutura do V. Setúbal. Começou por ser adjunto e no início da atual temporada, depois da saída de Sandro Mendes, orientou a equipa até à chegada de Julio Velázquez. Falamos, claro, de Meyong: o homem que este sábado, mais uma vez, era o treinador interino dos sadinos depois da saída do técnico espanhol. Velázquez não reagiu a uma série negra de 11 jogos seguidos sem ganhar e a uma retoma pouco positiva — à altura da paragem, o V. Setúbal tinha 12 pontos de vantagem para a zona de despromoção, agora tem apenas três — e acabou por ter o breaking point na passada terça-feira, com uma derrota contra o V. Guimarães em que os sadinos terminaram com apenas oito elementos em campo.
“A equipa está bem e a sentir a necessidade de voltar a ganhar. Os jogadores estão preparados para podermos dar a volta à situação. Sabem que precisamos de ganhar e é isso que interessa. Vamos tentar voltar às vitórias já amanhã [sábado]. Estamos numa situação que não esperávamos há um mês, mas o futebol é assim. Não vou mudar nada. São os mesmos jogadores que deram muitas alegrias aos adeptos aqui. Tivemos uma conversa e eles estão preparados e motivados, por isso acho que não preciso de fazer grande coisa. É só mostrar a vontade que têm de jogar e ganhar. É isso que a cidade e o clube necessitam”, disse o antigo avançado na conferência de imprensa de antevisão, onde acabou por afastar a conversa sobre a possibilidade de permanecer no cargo até ao final da temporada.
“Sou funcionário do clube e estou no cargo como interino. Não sei o que isso quer dizer em português, mas deve ser por um tempo. O que me preocupa agora é o jogo de amanhã [sábado]. Não sei se vou estar contra o Desp. Aves ou nos jogos seguintes. A direção é que decide. Pediram-me para estar aqui e sabem que vou dar o máximo para ajudar. Depois veremos o que acontece”, terminou Meyong.
No Bonfim, contra um P. Ferreira que vem sendo uma das melhores equipas da retoma — três vitórias em cinco jogos, sendo que as duas derrotas foram com Sporting e FC Porto –, o V. Setúbal começou melhor e Rodrigo Mathiola, avançado brasileiro de 22 anos, deu rapidamente uma prenda a Meyong. Sem Guedes, Sílvio e Leandrinho, os três jogadores que foram expulsos em Guimarães, o técnico camaronês ofereceu a primeira titularidade a Mathiola e o brasileiro, ainda antes da meia-hora, abriu o marcador. Num lance de transição rápida e depois de alguma insistência na grande área, o avançado apareceu com um remate forte que não deu hipótese a Ricardo Ribeiro e fez o primeiro golo do jogo (27′).
Ainda antes o intervalo, e a comprovar uma superioridade algo surpreendente durante a segunda parte, o V. Setúbal aumentou a vantagem por intermédio de um cabeceamento de Pirri na sequência de um canto (45+5′) e o P. Ferreira ia para o balneário numa posição de inferioridade a que não está habituado neste reinício da competição. A segunda parte, porém, não poderia ter sido mais diferente da primeira. Douglas Tanque reduziu logo nos primeiros instantes (47′), Maracás empatou de cabeça depois de um bom cruzamento de Adriano Castanheira (61′) e Denilson confirmou a reviravolta a cerca de 20 minutos do apito final, depois de um bom passe de João Amaral para Tanque, que ofereceu o golo ao compatriota.
Com uma segunda parte exímia, onde anulou por completo as dinâmicas que o V. Setúbal tinha criado na primeira parte, o P. Ferreira de Pepa mostrou mais uma vez que entrou nesta retoma com uma capacidade mental superior, uma qualidade técnica acima da média e um futebol que dificilmente tem paralelo naquela zona da tabela, chegando à quarta vitória em seis jogos. Meyong estreou-se com uma boa primeira parte e dois golos, o professor Pepa respondeu com um segundo tempo quase perfeito, substituições pensadas ao milímetro e uma autêntica masterclass de como dar a volta a um jogo de futebol. Pelo meio, o V. Setúbal ficou à mercê do Portimonense, que se vencer o V. Guimarães ainda este sábado iguala os sadinos na classificação e arrasta-os para a zona de despromoção.