Era o encontro entre duas equipas com objetivos diferentes, em posições diferentes mas com um ponto em comum: os treinadores. Gil Vicente e Rio Ave têm dois dos treinadores mais respeitados e conceituados do futebol português, sendo que entre Vítor Oliveira e Carlos Carvalhal se juntam décadas de experiência e conhecimento que agora se espelham em dois grupos muito jovens. Por isso mesmo, não foi uma surpresa perceber que ambos enumeraram elogios mútuos nas antevisões do encontro.
“A equipa tem vindo a melhorar de jogo para jogo. Temos jogadores que precisam de jogar para recuperar a forma e isso está a verificar-se, os jogadores estão em crescendo de forma. Vamos ter um jogo tremendamente difícil, na minha opinião o Rio Ave é a equipa que melhor joga em Portugal no pós-pandemia. Nós precisamos de pontos urgentemente e temos pela frente cinco finais, que podem ser menos dependendo da nossa competência”, disse Vítor Oliveira. Depois, foi a vez de Carvalhal.
“Como sabem, vou sair, ainda não sei para onde”. Vítor Oliveira anuncia saída do Gil Vicente
“Penso que, para o Gil Vicente, somos dos piores adversários que podiam encontrar nesta altura. Temos apresentado dinâmica, qualidade de jogo, e atitude nos jogadores. Seremos um adversário incómodo, mas também conto que o Gil Vicente seja difícil de bater. Vai ser um jogo complicado, pela valia do adversário e pela sua necessidade pontuar”, explicou o técnico vilacondense, que elogiou depois a “organização das equipas de Vítor Oliveira”.
Tudo isto na antecipação do encontro deste domingo, em Barcelos, em que o Rio Ave tinha a oportunidade de responder às vitórias do Sp. Braga e do V. Guimarães e pressionar desde já o Famalicão, para não perder ritmo na luta pelo último lugar de acesso às competições europeias. Do outro lado, o objetivo era o que se mantém desde o início da retoma: pontuar o máximo possível para manter a distância para a zona de despromoção, sendo que a derrota do Portimonense este sábado já contribuiu para esse propósito. Para isso, o Gil Vicente voltava a não contar com Kraev no onze inicial, o búlgaro que era titular indiscutível até aqui mas que também já tinha sido suplente contra o Sporting.
Numa primeira parte discutida, o Gil Vicente procurou ter bola e não deixar os destinos do jogo ao acaso, ainda que o Rio Ave tenha agarrado no natural favoritismo para passar mais tempo perto da baliza de Denis. Os vilacondenses estiveram sempre mais próximos de abrir o marcador, apesar da grande mobilidade de Baraye e Lourency sempre que conseguiam ganhar espaço nas alas, e Taremi ia dando muito trabalho à defesa gilista. Ainda assim, e já perto do intervalo, acabou por ser a equipa de Vítor Oliveira a chegar ao primeiro golo, por intermédio do central Rodrigão: Rúben Ribeiro bateu um livre muito puxado à direita em formato de cruzamento e o brasileiro, entre dois adversários, cabeceou para bater Kieszek (39′).
Na segunda parte, Carlos Carvalhal reagiu à desvantagem com um tripla substituição, ao fazer entrar Messias, Bruno Moreira e Nuno Santos. O Gil Vicente sofreu um revés importante antes de estarem cumpridos os 10 minutos iniciais do segundo tempo, quando Rúben Fernandes viu o segundo cartão amarelo e deixou a equipa reduzida a dez elementos, e Vítor Oliveira temeu o pior logo de seguida. Gelson Dala caiu na grande área em confronto com Lourency e o árbitro da partida assinalou grande penalidade; Taremi já estava preparado para bater quando o VAR chamou Iancu Vasilica para ver as imagens e o árbitro acabou por reverter a decisão, deixando o marcador assim como estava.
A ganhar pela margem mínima e com menos um jogador, o Gil Vicente baixou o bloco por completo e compactou a equipa à entrada da grande área, para tentar obstruir todos os caminhos que pudessem ir dar à baliza de Denis. Tarantini ainda marcou mas o lance foi anulado por fora de jogo de Taremi, que assistiu o português (82′), e os gilistas conseguiram mesmo resguardar a vitória, derrotar o Rio Ave com menos um elemento e conquistar três pontos muito importantes nas contas da manutenção — num jogo com 10 minutos de descontos. Quanto aos vilacondenses, podem ser ultrapassados pelo Famalicão, em cenário de vitória da equipa de João Pedro Sousa contra o Tondela, e voltam a escorregar numa altura em que estavam no tão pretendido lugar de acesso à Liga Europa.
Para isso, valeu o golo solitário de Rodrigão, o central brasileiro de 24 anos formado no Atlético Mineiro. Ainda antes do golo valioso, o jogador tem sido um dos elementos cruciais para Vítor Oliveira esta temporada e o Gil Vicente tem a intenção de renovar contrato assim que o clube garantir matematicamente a permanência da Primeira Liga, para assegurar a continuidade de um elemento que termina contrato no final da época.