Houve a vitória frente ao V. Guimarães num dérbi com duas reviravoltas, houve uma exibição mais conseguida em Famalicão que não deu para mais do que um empate, tinha havido ainda logo no arranque um triunfo consistente com o Portimonense na Pedreira. No entanto, a saída de Rúben Amorim provocou um choque grande na equipa do Sp. Braga, que com Custódio conseguiu apenas sete dos 18 pontos em disputa, antes e depois da paragem – e que foram aproveitados da melhor forma pelo Sporting, que saltou para o terceiro lugar agora com alguma vantagem. A saída do terceiro treinador da época tornou-se inevitável mas o discurso do adeus não se ficou por aí.

“Quando o Sp. Braga impôs aos seus dirigentes, treinadores e jogadores um pacto de silêncio sobre a arbitragem (…) fê-lo por considerar importante que se esclarecesse se a ausência de ruído em torno do sector resultaria em melhores arbitragens e, por consequência, em resultados mais justos e em classificações mais condizentes com o valor desportivo demonstrado pelas equipas (…) Ou seja, se num contexto quase laboratorial os erros persistem, então a conclusão a retirar só pode ser uma: o quadro de árbitros é fraco e o Conselho de Arbitragem é conivente com esta falência, permitindo que de forma reiterada se adulterem resultados e classificações”, assinou António Salvador, presidente dos arsenalistas, num comunicado emitido aquando da saída de Custódio.

“O erro é parte integrante do futebol e da vida mas o erro persistente e reiterado tem outro nome e não há que ter receio de o apontar: chama-se incompetência. Permitir a incompetência é um atestado de incapacidade que tem de ser claramente imputado a este Conselho de Arbitragem, que é conivente com um prejuízo de nove pontos à equipa do Sp. Braga ao longo deste campeonato, conforme é reconhecido por todos os analistas e por toda a comunicação social, que também deteta um benefício de cinco pontos para o competidor direto, o Sporting”, acrescentou, antes de anunciar a saída do terceiro técnico depois de Sá Pinto e Rúben Amorim: “A frustração sentida pelo clube e pelos seus responsáveis contribui para um clima de grande adversidade e favoreceu, não tenhamos dúvida, a decisão comunicada por Custódio Castro de deixar o comando técnico da equipa do Sp. Braga”.

Artur Jorge era o senhor que se seguia, também ele promovido da formação dos minhotos (neste caso, da equipa dos juniores). Com uma missão complicada, com ambição, com a promessa de ser fiel aos seus princípios para dar ainda a volta à situação no Campeonato. Porque se é verdade que o Sp. Braga se pode queixar de alguns lances mal ajuizados pelos árbitros, a irregularidade ao longo da temporada foi evidente e a estabilidade que Amorim deu ao conjunto arsenalista foi quebrada após a sua saída, entre ideias e sistemas de jogo diferentes. E esse era o desafio inicial do antigo central de 48 anos: colocar a equipa com uma identidade que reencontrasse a melhor fase.

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“Já estivemos no terceiro lugar, estamos um pouco mais afastados agora, mas temos que dar o nosso melhor com a preocupação de vencer jogo a jogo. Acredito que, se conseguirmos vencer os jogos até ao final do Campeonato, temos fortes possibilidades de conquistar essa posição. Como é que a equipa está? Está bem, está preparada. Estes jogadores são competentes, a administração entendeu tê-los cá para lutarem por objetivos altos e já deram provas da sua mais-valia. É um privilégio ser o treinador de um dos grupos mais fortes que existem em Portugal. O que mais importa é puxar os jogadores para a razão de serem iguais a si próprios. Temos muito mais para dar. A paragem pode, mentalmente, ter desfasado a equipa, mas este grupo de trabalho tem muita qualidade. Tenho as minhas próprias ideias, não abdico delas e já teremos algumas dinâmicas muito pessoais”, destacou.

Artur Jorge foi fiel ao que disse e, mesmo com quatro treinos apenas, avançou para uma solução de 4x4x2 diferente do 3x4x3 de Rúben Amorim e do 4x2x3x1 nos últimos jogos de Custódio (e, já agora, do 4x3x3 que Ricardo Sá Pinto, o primeiro treinador da época, chegou a experimentar também), promovendo assim a entrada de Rui Fonte nas opções iniciais para jogar ao lado de Paulinho. No entanto, e apesar de uma tentativa inicial daquele que é o melhor marcador da equipa e que hoje teve companhia na frente desde início, o primeiro quarto de hora teve um Desp. Aves solto, jogando sem a pressão de lutar por um objetivo que já não é possível (a permanência) e a ter uma bola no poste, por Diakhité, entre outros lances de perigo do avançado e de Falcão. Ainda que sem grande qualidade, os minhotos reagiram, assumiram o controlo do jogo, marcaram dois golos invalidados por posição irregular e tiveram mais um remate de Rui Fonte que ainda assim não evitou o nulo ao intervalo.

O descanso acabou por fazer bem aos visitados, que resolveram o encontro em pouco mais de cinco minutos: Rui Fonte inaugurou o marcador de cabeça na sequência de um canto (49′) e Ricardo Horta aumentou pouco depois após assistência de Paulinho num lance que começou no estreante Fabiano, jovem lateral brasileiro que entrou ao intervalo para o lugar de Diogo Viana (54′). A vantagem fez bem ao Sp. Braga, a desvantagem fez sobretudo mal ao Desp. Aves, que nunca mostraram capacidade de reação e que acabaram por sofrer a goleada já nos últimos dez minutos, com Abel Ruíz a sair do banco e a marcar o 3-0 aos 83′ antes de Paulinho, nos descontos, apontar numa recarga oportuna na área o 4-0 que fechou as contas da melhor estreia possível de Artur Jorge (90+3′).