Mais de uma semana depois de se ter tornado campeão inglês 30 anos depois da última vez, a verdade é que o Liverpool ainda procurava o verdadeiro jogo de consagração. A equipa de Jürgen Klopp conquistou a Premier League, graças a uma derrota do Manchester City, e foi goleado por esse mesmo City a meio desta semana, numa espécie de vingança do grupo de Guardiola pelo título perdido. Este domingo, em Anfield e contra o Aston Villa, o Liverpool tinha a oportunidade de ganhar pela primeira vez depois de ter sido campeão.

Nada que, apesar de tudo, tivesse retirado entusiasmo aos adeptos do clube ou aos simples simpatizantes. Em pouco mais de uma semana, desde que o Liverpool conquistou a Premier League, que o clube esgotou por completo o stock de camisolas oficiais que tinha para vender. Ciente de que a oferta não iria fazer jus à procura, o Liverpool fez uma nova encomenda à marca, a New Balance — que recusou o pedido. A marca norte-americana anunciou que não vai produzir mais camisolas dos reds, numa decisão que estará relacionada com o facto de o Liverpool ter assinado contrato com a Nike já a partir da próxima temporada, num negócio que chega aos 80 milhões de euros. Em reação ao facto de ter perdido o campeão inglês como cliente, a New Balance, que também “veste” o FC Porto, deixou o Liverpool sem mais camisolas para vender em Inglaterra até que surjam os novos equipamentos.

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Ora, em Anfield e depois da goleada sofrida perante o Manchester City, Jürgen Klopp fazia várias alterações ao onze inicial. Wijnaldum e Henderson começavam no banco, substituídos por Oxlade-Chamberlain e Naby Keita, e Roberto Firmino cedia o lugar no trio de ataque a Origi. Ainda assim, e apesar de ter deixado três habituais titulares no banco, Klopp garantiu na conferência de imprensa que o objetivo do Liverpool era continuar a ganhar — mesmo que só tenha de cumprir calendário até ao final da temporada.

“Uma das características que nos define, como equipa, tem sido encarnar o espírito do verso de uma das canções dos nossos adeptos, quando dizem: ‘Nunca vamos parar’. Adoro tudo nessa frase. E esta equipa assumiu essa mentalidade. Já alcançámos muito todos juntos mas não podemos carregar no botão da pausa nem por um momento. É importante saborear e aproveitar os momentos especiais. Mas é possível, se tivermos essa mentalidade, fazer as duas coisas: aproveitar o ‘agora’ mas continuar num momento de fome de mais no futuro”, explicou o treinador alemão, acrescentando que os títulos “não tornam os jogadores melhores” e só o trabalho diário o pode fazer.

O grande objetivo que o Liverpool ainda pode ter, logo à partida, será o de quebrar o recorde de pontos numa única temporada da Premier League, que pertence atualmente ao Manchester City de 2017/18. Para isso, e para chegar aos 100 pontos do grupo de Guardiola há dois anos, os reds precisavam de ganhar pelo menos cinco dos seis jogos que ainda tinham pela frente: e o primeiro era então este domingo, com o Aston Villa.

Na primeira parte, o Liverpool teve mais bola, de forma natural, mas não conseguiu transformar isso no habitual fluxo ofensivo asfixiante. O Aston Villa optava por não aplicar uma posse de bola muito elevada, até porque preferia estar mais recuado no relvado e apostar num futebol mais direto, e o Liverpool aproveitava para começar a construir no meio-campo e olhar de frente para o ataque de forma a encontrar soluções. Certo é que, e apesar do ascendente dos reds, a equipa de Dean Smith não tinha dificuldades em criar perigo quando chegava perto da baliza de Alisson, entre a visão acima da média de Jack Grealish e o oportunismo de McGinn. Tudo somado, ainda assim, e no final da primeira parte Anfield ainda não tinha visto qualquer golo.

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O treinador alemão disse na antevisão da partida que quer ganhar os jogos que ainda restam na Premier League

No segundo tempo, a dinâmica manteve-se. O Liverpool parecia sentir a falta do acerto de Henderson e do ímpeto ofensivo de Wijnaldum para ligar os setores e tanto Salah como Mané pareciam sempre algo isolados na frente de ataque — para além de que não podiam contar com as movimentações de Origi, de quem não se espera o mesmo que de Roberto Firmino mas que estava ainda menos inspirado do que o normal. Talvez por isso, e tendo em conta a conjuntura, Jürgen Klopp tenha decidido lançar os três jogadores de uma vez: Henderson, Wijnaldum e Firmino entraram todos e em conjunto por volta da hora de jogo, para tentar dar a volta a uma partida onde o Aston Villa ganhava cada vez mais confiança.

A cerca de 20 minutos do apito final, e depois de um bom cruzamento de Keita, Mané apareceu entre vários defesas adversários a rematar de primeira para desbloquear finalmente o marcador (71′). Até ao fim, Curtis Jones, jovem de apenas 19 anos que renovou esta semana, ainda aumentou a vantagem depois de uma assistência de Salah de cabeça (89′). O Liverpool ganhou pela primeira vez desde que foi campeão, ficou a quatro vitórias do recorde do City e teve finalmente o jogo de consagração: ainda que, e ao contrário daquilo que foi pedido por Klopp na antevisão, a equipa já pareça estar em serviços mínimos e a pensar nas curtas férias antes da próxima temporada.