O Reino Unido e a UE adiaram desta segunda-feira para terça-feira, sem explicações, a retoma das negociações sobre a relação pós-Brexit, apertando ainda mais um calendário já cerrado para evitar uma falta de acordo economicamente arriscada.

Depois de abandonar a UE a 31 de janeiro, após 47 anos, o Reino Unido continua a negociar com Bruxelas para tentar estabelecer uma relação comercial vantajosa com o bloco europeu, tendo como pano de fundo o período de transição, que termina a 31 de dezembro.

Após semanas de videoconferências, devido à pandemia de Covid-19, realizou-se na semana passada a primeira série de conversações presenciais em Bruxelas, envolvendo os chefes das duas delegações, David Frost, pelos britânicos, e Michel Barnier, pela UE, em que ficaram mais uma vez claras as constatações comuns de que persistem divergências importantes.

Prevista inicialmente para esta segunda-feira, a retoma das conversações foi adiada à última hora para terça-feira, indicaram as duas partes, sem avançarem as razões.

Segundo defende Londres, as negociações devem decorrer “de forma ligeiramente mais informal” que as precedentes. “O objetivo é analisar quais os progressos que podem ser registados”, precisou um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

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Um outro porta-voz, mas dos 27, a semana em curso deverá ser marcada por uma “série de reuniões de nível técnico entre especialistas” entre terça e quarta-feira.

Barnier, acrescentou, é aguardado em Londres para se reunir com Frost, mas à margem das conversações, indicou fonte europeia à agência noticiosa France-Presse (AFP).

A AFP lembra que o prazo está a apertar-se rapidamente e, com isso, o risco de um “não acordo” será devastador para as economias já muito enfraquecidas pela pandemia do novo coronavírus.

Boris Johnson pretende que, ao longo deste mês, fique definida a possibilidade de um acordo, três meses antes dos europeus, que consideram outubro, argumentando que haverá, depois, tempo para que os Estados-membros e o Reino Unido ratifiquem o tratado sobre a nova relação que entrará em vigor a 1 de janeiro de 2021.