Duas palavras apenas, “Croácia Segura” – numa referência ao slogan de campanha do partido do primeiro-ministro croata, Andrej Plenković – foram suficientes para colocar a Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, debaixo de fogo por causa de um vídeo de apoio ao partido croata de centro-direita HDZ, que foi a votos este domingo, acabando por vencer as eleições, e para o qual Von der Leyen gravou essa curta mensagem. O vídeo também incluía o vice-presidente de democracia e demografia da Comissão, Dubravka Šuica, além de líderes da Áustria, Letónia e Bulgária.

As críticas apontadas a Ursula Von der Leyen, durante o fim de semana, dizem respeito, por ao lado, ao facto de ter utilizado meios da Comissão para campanhas nacionais – as palavras foram gravadas nos estúdios virtuais da instituição – o que pode consistir numa violação do código de conduta, segundo alguns especialistas em Direito Europeu. Por outro lado, a alemã não deveria ter sido identificada como Presidente da Comissão Europeia, uma vez que falava a título pessoal.

O gabinete de imprensa já reconheceu, também, tratar-se de um “erro” utilizar o edifício do Berlaymont como imagem de fundo na versão final do vídeo, mas frisou que esses erros foram “não intencionais”, ou seja, não podendo ser atribuídos a Von der Leyen. Não há, por isso, motivos para um pedido de “desculpa” pelo sucedido. Eric Mamer, porta-voz do executivo comunitário, confirmou que já foram dadas instruções para que os mesmos erros não se repitam, caso a presidente venha a gravar um novo vídeo do género.

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“A presidente foi informada dos erros e exprimiu muito claramente as instruções à sua equipa. Qualquer sequência que ela possa gravar de natureza política deve respeitar os artigos do código de conduta dos comissários e ela vai assegurar-se que os procedimentos apropriados sejam postos em prática para evitar no futuro este tipo de erros não intencionais”, disse aos jornalistas.

Questionado sobre os custos da gravação do vídeo, Mamer argumenta que foi gravado “em poucos segundos”, no final de outros vídeos, que a pós produção foi feita em Zagreb e que, por isso, “não houve custos ou os custos foram mínimos”. O “erro” foi projetar no estúdio virtual uma imagem do edifício do Berlaymont.  Apesar destes esclarecimentos, uma queixa já foi apresentada à provedora de justiça da União Europeia e vários especialistas consideram que a presidente do executivo europeu violou o código de conduta.

Já o eurodeputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, recorreu às redes sociais para criticar a posição de Von der Leyen. “A presidente da Comissão Europeia, que sempre se escudou na independência do cargo que ocupa para não comentar a deriva autoritária do partido da sua família política na Hungria, é a mesma que aceitou juntar-se à campanha eleitoral do partido da sua família política na Croácia”.