A retoma das competições após a pandemia tornou-se um verdadeiro pesadelo para o Barcelona, versão més que un club: o futsal, que costuma ser um dos principais candidatos ao título, foi eliminado nos quartos com o Levante no Super Playoff que juntou as oito melhores equipas em Málaga; o basquetebol, que tinha visto o Real Madrid cair nos quartos e tinha caminho mais facilitado para a vitória, perdeu o encontro decisivo diante do Baskonia; e agora o andebol, que foi declarado campeão mas que não teve oportunidade de lutar pelo objetivo da Liga dos Campeões, anunciou que vai sair da Liga Asobal, em protesto com o presidente Adolfo Aragonés. O futebol, a força motriz de tudo o resto, tem estado tão ou mais desastrado e os problemas crescem todos os dias.

Sete jogos, cinco golos, três penáltis. Sergio Ramos está numa relação com a baliza (e voltou a ser decisivo)

Se depois do empate sem golos em Sevilha o discurso (com muita ironia à mistura) tinha visado sobretudo o Real Madrid e o peso dos merengues junto das decisões extra relvado, a igualdade em Vigo com um golo de Iago Aspas de livre direto aumentou a pressão de uma panela onde a tampa começou a saltar com uma cadência quase diária: Luis Suárez teve uma flash interview com umas farpas nas entrelinhas ao treinador, Messi tinha ignorado também as instruções do adjunto na pausa para hidratação, o presidente Bartomeu reuniu em casa de Quique Setién para lhe dar um voto de confiança… A lista podia continuar, sendo que a entrada de Griezmann aos 90+1′ com o Atl. Madrid abriu novo foco de discórdia e houve ainda a alegada travagem de Lionel Messi no processo de renovação do contrato, o que se poderá libertá-lo. Hoje, com o Villarreal, a equipa passou ao lado de tudo e goleou.

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Num encontro em que mexeu sobretudo no meio-campo, com as entradas de Sergi Roberto (que tem sido muito mais utilizado como lateral direito mas que regressou agora a uma posição onde fez grande parte da sua formação) e Vidal, que tinha jogado mais à frente com o Atl. Madrid, além do regresso de Griezmann ao tridente ofensivo, o Barcelona dificilmente poderia ambicionar melhor entrada e inaugurou o marcador logo aos três minutos, com Sergio Roberto a lançar Jordi Alba na esquerda e o cruzamento que seguia para o francês a ser desviado para a própria baliza por Pau Torre. Quique Setién ainda celebrou mas quando as câmaras se fixaram no banco já o técnico estava sentado, como que se quisesse passar ao lado do que se estava a passar até por Griezmann estar na jogada. Mas também podia ser por ter a perceção que a exploração da profundidade podia ser um problema e foi dessa forma que o Villarreal empatou ainda no quarto de hora inicial por Gerard Moreno (14′).

Não seria a primeira vez que, com bolas nas costas, a defesa dos catalães teria problemas, como aconteceria mais tarde já com Bacca em campo (valeu Ter Stegen, que desviou para canto). No entanto, o Barcelona, com Messi inspirado e naquele tipo de jogos em que consegue inspirar a equipa para jogar na versão bilhar com muitas tabelas onde os adversários só veem passar a bola, chegou ao intervalo a ganhar por 3-1 entre outras oportunidades que foram sendo falhadas: primeiro foi Luis Suárez a recolocar os catalães com um grande golo após assistência de Messi (20′); depois foi Griezmann a fazer um golo ainda melhor, num chapéu por cima de Asenjo (45′) após nova assistência do argentino. E já depois de mais uma jogada anulada pelo VAR que tirou a Messi mais um golo, Ansu Fati saltou do banco para fechar as contas finais da goleada em 4-1, mantendo a distância para o Real.

Pelo meio e no final, mais polémica: Piqué, que fez com as mãos um gesto como se os árbitros estivessem a dar um presente ao Real Madrid em forma de título, referiu na zona de entrevistas rápidas que não se lembrava de ter feito qualquer episódio mas Josep Maria Bartomeu foi mais direto nas críticas, até na sequência de mais um triunfo com alguma polémica à mistura do Real Madrid frente ao Athl. Bilbao no País Basco. “Desde que recomeçou a Liga que houve muitos jogos em que o VAR não esteve equitativo e favorece sempre o mesmo enquanto muitas equipas são desfavorecidas. A melhor Liga do mundo não tem um VAR à altura”, disse o líder dos blaugrana, acrescentando ainda que Quique Setién é para manter e que Lionel Messi vai permanecer no Barcelona.