A escola secundária que Álvaro Santos dirige, em Vila Nova de Gaia, costuma ter sempre “a máquina montada” para a época de exames nacionais. Este ano, com a pandemia de Covid-19, os planos tiveram de mudar. Na Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, e à semelhança de todas as outras escolas, a primeira fase da época de exames começou com regras que antes não existiam, muito controlo e também menos alunos do que é habitual. “Há alteração nas rotinas e nos percursos a fazer”, conta o diretor da escola ao Observador.

Ainda antes das 9h da manhã eram já vários os alunos que, de máscara colocada, esperavam à entrada das salas de aula para fazerem o exame de Português do 12.º ano, que deu início à época de exames nacionais para 42 mil alunos em todo o país. No chão dos corredores desta escola de Gaia há marcas que definem o local onde cada estudante deve permanecer distanciado dos restantes, as mesas têm desinfetante disponível e vão-se ouvindo algumas instruções dos professores.

– Meninos, distanciados.
– É para desinfetar as mãos antes de entrar.

Desde o distanciamento social à desinfeção das próprias embalagens que guardam as folhas de exame, as regras estabelecidas eram mesmo para cumprir, num espaço que, segundo Álvaro Santos, também teve de sofrer alterações para que tudo corresse conforme o previsto. “Procuramos que as salas não ficassem contíguas e temos também um espaço maior porque mobilizamos o espaço da cantina, onde conseguimos ter 40 alunos em simultâneo a fazer o exame. De resto, o distanciamento já era utilizado nos anos anteriores, não apenas por regras de segurança mas também regras que tinham a ver com a questão da confidencialidade”.

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Aliado ao nervosismo habitual de um exame, desta vez há também a curiosidade para saber como tudo vai funcionar. E já se esperavam menos estudantes do que é habitual: “Temos inscritos para esta primeira fase 1.140 alunos em todos os exames até ao dia 23 de julho. Para o exame de hoje [segunda-feira] temos inscritos 195 alunos, o que significa uma diminuição de cerca de 40%, porque normalmente temos acima dos 300 alunos a fazer o exame de Português”. Este ano, o Ministério da Educação decidiu que as provas nacionais não eram obrigatórias para a conclusão do secundário, passando a contar apenas as classificações internas, ou seja, as notas atribuídas pelos professores pelo trabalho realizado ao longo do ano.

Primeiro dia dos exames nacionais e quase tudo é diferente

À entrada da sala — que é sempre controlada por dois professores — cada aluno é obrigado a desinfetar as mãos e todos têm permanecer de máscara colocada até ao final do exame. “Os professores avisaram que não podíamos tirar a máscara em nenhum momento. Às vezes começávamos a ficar com calor ou stressados e a máscara ali incomodava um pouco, mas nada a que não estivéssemos habituados das aulas anteriores”, conta ao Observador Mariana Pereira, aluna desta escola de Gaia, depois de duas horas de exame de Português.

O grande motivo de ansiedade que Mariana sentiu foi o facto de existirem muitas regras novas e não saber o que esperar, uma vez que era a primeira vez que iria fazer um exame em tempos de pandemia: “Acho que nos deixou mais ansiosos por não estarmos à espera disto, por nunca ter sido feito, por sermos os primeiros”. Apesar de tudo, acrescenta, considerou o exame de português acessível e com uma estrutura não tão diferente daquilo que pensava que iria ser, admitindo também que os professores “tiveram mais preocupação” com todos os alunos, mesmo tendo em conta que muitas das dúvidas tiveram de ser respondidas online.

Achei que o exame em si não foi muito difícil. Não tivemos opções de escolha como estavam a dizer que iríamos ter, tivemos foi perguntas obrigatórias para responder e que estavam assinaladas por um quadro. Em si, não foi muito difícil, foi acessível”, conta Mariana Pereira ao Observador.

Mariana Ribeiro, também aluna da mesma escola, admite que o exame foi acessível, mas refere que o estudo para esta época de exames foi mais difícil por não ter seguido o ritmo normal dos anos anteriores. “Como não tivemos aquelas semanas intensivas de estudo de Português foi um bocadinho difícil porque tivemos de tirar as dúvidas sempre por email e isso complica sempre um pouco a nossa comunicação com os professores”, explica a aluna da Escola Secundária Dr.Joaquim Gomes Ferreira Alves.

Arranque dos exames nacionais. Prova de Português “não foi muito difícil”

O exame de Português deu início a um conjunto de exames que serão feitos até ao dia 23 de julho e que, além de serem determinantes para o futuro escolar de vários alunos, são também um teste à capacidade de adaptação das escolas às novas regras exigidas pela pandemia de Covid-19. Os próximos exames são de línguas (Espanhol e Francês), esta terça-feira, mas as regras mantêm-se iguais. Álvaro Santos acredita que os alunos vão estando cada vez mais preparados: “Eles já estão familiarizados com um conjunto de regras e procedimentos que tinham que fazer e também ao longo das sessões presenciais foram sendo dadas instruções para interiorizassem aquilo que iriam encontrar a partir de hoje”.