Faz esta quarta-feira um ano que João Félix foi apresentado no auditório do Wanda Metropolitano depois de o Atl. Madrid ter desembolsado 126 milhões de euros pelo jovem português. Há um ano, na capital espanhola, o entusiasmo com a equipa que os colchoneros estavam a montar — a par de Félix, chegaram Renan Lodi, Trippier e Herrera, entre outros — era latente. Pela primeira vez em vários anos, a ideia de lutar lado a lado com Barcelona e Real Madrid pela liga espanhola, assim como ser competitivo nas competições europeias, parecia coerente. Um ano depois, o panorama é diferente.

De há um ano para cá, o grande destaque da temporada do Atl. Madrid foi a conquista da Supertaça espanhola. Mesmo antes de tudo parar, a equipa de Simeone eliminou o campeão europeu em título Liverpool nos oitavos de final da Liga dos Campeões, abrindo a porta a alguma esperança dos adeptos no que toca a esse capítulo, mas a nível interno a situação continua a não ser a mais favorável. O Atl. Madrid está em terceiro lugar, a 11 pontos do Barcelona e a 15 do líder Real Madrid, há muito afastado da corrida pelo título, sendo que caiu na Taça do Rei logo nos oitavos de final. A tudo isto, acrescenta-se João Félix.

Desde que chegou a Madrid, o jogador português fez 31 jogos em todas as competições e marcou apenas oito golos, numa temporada muito marcada por lesões e por exibições bem abaixo do esperado. Retirar rendimento de João Félix tem sido a principal dor de cabeça de Simeone, que continua a dizer que o avançado ex-Benfica precisa de tempo para singrar. Esta semana, para assinalar o aniversário da contratação mais cara da história do Atl. Madrid, o jornal Marca identificou aquilo que considera serem os sete pecados capitais de Félix: a irregularidade, as fracas prestações contra Real Madrid e Barcelona, a ausência de golos, o individualismo, a ambição, as “birras” e a ausência de espírito de sacrifício.

Esta terça-feira e sem João Félix, que sofreu um edema ósseo no treino, o Atl. Madrid visitava o Celta Vigo e precisava de ganhar para garantir que segurava o terceiro lugar e continuava a fugir do Sevilha, que tinha apenas menos dois pontos. O jogo não podia ter começado melhor: ao primeiro minuto e na sequência de uma jogada pelo corredor direito, Correa assistiu Morata, que ao segundo poste abriu o marcador.

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Numa ótica que vai totalmente ao encontro da filosofia de Diego Simeone, o Atl. Madrid não foi atrás do aumentar da vantagem e preferiu controlar desde logo o resultado ao longo de um jogo com pouca baliza. Já na segunda parte, e logo nos instantes iniciais, Fran Beltrán empatou a partida com um toque surpreendente depois de um cruzamento largo que não deu hipótese a Oblak (49′) e encerrou as contas do marcador, forçando os colchoneros ao décimo empate da temporada fora do Wanda Metropolitano.

O Atl. Madrid voltou a perder pontos, somou o segundo empate em três jogos e pode ser igualado pelo Sevilha no terceiro lugar, caso a equipa de Lopetegui vença o Athl. Bilbao já esta quinta-feira. Um ano depois de João Félix ter chegado a Madrid e um ano depois do entusiasmo criado por uma janela de transferências aparentemente inspirada e frutífera, o resultado contra o Celta Vigo não poderia ter sido melhor espelho de uma temporada escassa em praticamente tudo. E por muito que o jogador português tenha sete pecados capitais, não é só João Félix que está em falta com o Atl. Madrid.