Em entrevista conjunta ao Público e à Rádio Renascença, o presidente do PS, Carlos César, deixou esta quinta-feira um aviso aos que, dentro do partido, aspiram ao lugar do atual primeiro-ministro: “Vão ter de esperar um bocado de tempo”.

E de preferência sentados, acrescentou César, que não só não se fez rogado na hora de elogiar António Costa como admitiu até que já consegue ver o secretário-geral do PS a iniciar um terceiro mandato: “António Costa tem todas as condições para repetir a vitória que teve nas últimas eleições”.

Questionado diretamente sobre Fernando Medina ou Pedro Nuno Santos, os dois nomes mais frequentemente apontados para a sucessão de Costa, o presidente do PS não quis dar conta de qualquer espécie de rivalidade entre o presidente da Câmara de Lisboa e o ministro das Infraestruturas — “Convivendo com ambos nos órgãos do partido em que estão presentes, o relacionamento pessoal que com eles tenho, não noto que um faça questão de censurar o outro” —, mas fez questão de os avisar que o seu tempo ainda está longe.

Se hoje há uma realidade com que não só o PS mas os portugueses em geral se confrontam é com a qualidade e o esclarecimento da liderança de António Costa”, disse o presidente do partido.

A propósito de outra reeleição, a do Presidente da República, Carlos César, que garantiu que “só numa situação limite votaria em Ana Gomes”, recusou comprometer-se com um cenário de apoio a Marcelo Rebelo de Sousa mas não foi parco nos elogios ao atual ocupante de Belém. “Aprecio a forma como Marcelo Rebelo de Sousa tem desenvolvido o seu mandato, em condições complexas do ponto de vista institucional, agora até somadas com a sua conduta ao longo desta crise sanitária e na sua relação com as outras instituições do poder político. Aprecio a forma como ele desempenhado as suas funções, mas no momento certo teremos de falar sobre isso, particularmente depois de o candidato Marcelo Rebelo de Sousa se revelar como tal.”

Apesar de reconhecer que, com o desconfinamento, nem tudo está a correr bem na gestão da pandemia, o presidente do partido no Governo garantiu ainda que não vê no horizonte um cenário de eleições legislativas antecipadas, de alguma forma precipitadas pelas crise social, sanitária e económica. “Há uma consciência por parte dos partidos políticos que a estabilidade é um fator essencial para o sucesso do país, mas também para a boa imagem de cada um dos protagonistas”, argumentou, explicando que é graças às ações concretas de PCP e BE, e não a uma mera questão de confiança, que acredita que a legislatura vai ser levada até ao fim.

Trata-se de uma perceção quanto à conduta desses partidos, que historicamente, ao longo destes cinco anos, têm vindo a garantir a política orçamental e a continuidade desta experiência de Governo e quanto à sua perceção de que seriam altamente penalizados se pusessem em causa este percurso e se mergulhassem o país numa situação de instabilidade e de bloqueio.”

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