O presidente do PSD, Rui Rio, vai acumular o cargo de líder parlamentar do PSD até ao início de setembro, apurou o Observador junto de um dirigente nacional do partido. Até agora, Adão Silva, o primeiro vice-presidente de Rui Rio, é o único candidato às eleições que vão ocorrer no início da próxima sessão legislativa, em setembro. Em algo inédito no partido, o próprio presidente do PSD foi eleito presidente da bancada social-democrata em novembro com 89,9% dos votos e anunciou que saía em fevereiro. Depois disso Rio quis ficar mais um mês para arrumar a casa e elaborar um novo regulamento para o grupo parlamentar, chegou até marcar eleições para 19 de março, mas acabaram por ser adiadas devido à pandemia. Agora, vai ficar até ao fim da sessão legislativa pela mesma razão pré-Covid: ainda há parte da casa para arrumar.

O PSD está a fazer acertos salariais no partido e na bancada que vão significar aumentos para 42 funcionários e decréscimos para 38. Os trabalhadores sociais-democratas foram chamados nos últimos dias para lhes serem comunicados os acertos nos vencimentos na reestruturação que está ser a feita. Como muitos dos funcionários do partido são pagos via Assembleia da República (porque a esmagadora maioria trabalha também na bancada ou para a bancada), Rui Rio quer ser ele a ter o ónus destas decisões.

A reestruturação já tinha começado antes da pandemia. A 13 de fevereiro, Rui Rio começou a reunião da bancada a dizer que ia ficar “mais umas semanas” para fazer alterações no grupo parlamentar que o tornassem “mais eficaz”. Rio lembrava na altura também aos jornalistas que, como “gestor” de profissão, era a pessoa indicada para tratar destas alterações administrativas e de recursos humanos.

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As eleições chegaram a ser marcadas para 19 de março, mas tiveram de ser adiadas por causa da pandemia. A 12 de março, Rui Rio declarou mesmo o apoio de forma declarada a Adão Silva: “O voto é secreto, mas eu voto nele. Toda a gente percebeu a partir do momento em que fui líder parlamentar e evidenciei que os vice-presidentes não são todos iguais. Quando disse que um é o primeiro e os outros é que são todos iguais já estava a dar a indicação que na minha ótica devia ser o Adão Silva que me devia suceder.”

A pandemia adiou tudo e, no regresso, a direção chegou a ponderar marcar eleições para a semana seguinte aos feriados, mas o calendário foi avançando e ainda havia ajustes na equipa a fazer. Entretanto, como as eleições — tendo em conta o regulamento — têm de se realizar em dia de plenário, só restavam dois dias para fazer o escrutínio nesta sessão legislativa (22 e 23 de julho). Como considerou que não fazia sentido estar a entrar um novo líder parlamentar por uns dias, a direção decidiu adiar as eleições para setembro.

Rui Rio é o líder parlamentar no papel e é ele quem toma as decisões, mas é Adão Silva quem trata da parte logística e representa o partido nas conferências de líderes. A lista de Adão Silva, que terá de ser formalizada novamente, vai incluir cinco vice-presidentes da atual direção (Afonso Oliveira, Carlos Peixoto, Clara Marques Mendes, Luís Leite Ramos e Ricardo Baptista Leite) e uma nova vice-presidente, também da confiança pessoal de Rui Rio, Catarina Rocha Ferreira (até aqui secretária) da liderança da bancada. Como secretários mantém-se Hugo Carneiro e junta-se o deputado eleito pelos Açores, António Ventura.