A notícia surgiu a 2 de julho através da Cadena SER, ganhou outras proporções nos dias seguintes, foi colocada de parte menos de uma semana depois. Mas será mesmo assim? Para Josep Maria Bartomeu, uma possível saída de Lionel Messi do Barcelona é um cenário impossível de acontecer. “Não vou dar detalhes das negociações mas ele já disse muitas vezes que quer acabar a sua carreira no Barça. Agora estamos focados na competição, há negociações com muitos jogadores. O Messi quer continuar no Barça e acabar aqui. Ainda tem muitos anos e vamos poder apreciar o seu futebol por mais tempo”, destacou. Mas com contrato até 2021, não há sinais de renovação.

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Em novembro de 2017, com 602 jogos, 523 golos, 30 troféus e 4.788 dias com a camisola do clube desde a estreia, o argentino prolongou o contrato até junho de 2021, ficando com uma cláusula de rescisão proibitiva de 700 milhões de euros. Não sendo um vínculo até ao final da carreira, o salário de 71 milhões de euros brutos por ano (15% dos direitos de imagem) fora todos os bónus variáveis (12 milhões em caso de vitória na Champions e 1,9 milhões se fizer mais de 60% dos jogos oficiais, além dos 63,5 milhões só para assinar) tornava quase impossível haver uma saída. Todavia, e de acordo com a Gazzetta dello Sport, existirá também uma espécie de “cláusula de fuga” que permitirá sair com um mês de aviso prévio, algo que nunca foi colocado em causa. Uma coisa é certa: a menos de um ano do final da ligação aos blaugrana, nada de renovação. E a insatisfação do capitão a aumentar.

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Já se tinha falado antes do choque que teve com Eric Abidal quando o agora diretor do futebol do clube apontou o dedo aos jogadores pela saída de Ernesto Valverde de Camp Nou; da má relação que tem com o adjunto de Quique Setién, Eder Sarabia; da frustração pelos falhanços constantes no mercado, tendo o caso de Neymar como ponto alto desse sentimento; do desagrado por sentir que existe por vezes a tendência de ser colocado como um problema e não solução na equipa. Agora, a imprensa espanhola surgiu com um novo argumento que entronca, como quase sempre, em Bartomeu, líder do Barcelona com quem não terá as relações mais estreitas: para Messi, os catalães têm dificuldades em criar verdadeiros projetos vencedores a médio/longo prazo, ao contrário do que acontece com o rival Real Madrid, que tem vindo a preparar esse futuro próximo dentro e fora de campo.

Entre toda a informação, o diz que disse e as opiniões de antigos jogadores que se vão dividindo sobre o número de anos que terá ainda ao mais alto nível, Messi continua a bater recordes e a levar a equipa às costas.

“Temos de pensar que será um jogo de máxima exigência para nós, em que estamos obrigados a ganhar. O nosso foco está apenas neste encontro. Noutros jogos que já fizemos faltou-nos um ponto de inspiração que tivemos com o Villarreal, por exemplo. Em muitas ocasiões começamos bem mas depois não temos a eficácia suficiente em frente à baliza que nos daria para ganhar com tranquilidade”, comentou Quique Setién, treinador do Barcelona que passou ao lado do sorteio da Champions por estar apenas concentrado na Liga e no jogo fora contra o Valladolid entre várias ausências por lesão (Arthur, Umtiti ou De Jong) ou castigo (Ansu Fati) – além de ter evitado agora chamar muitos miúdos da formação por estarem a disputar o playoff de subida de divisão.

De forma surpreendente, e contra aquilo que Messi já admitiu preferir, Setién surpreendeu nas opções iniciais ao abdicar do tridente ofensivo que fez as últimas jornadas para reforçar o meio-campo, com Riqui Puig e Arturo Vidal a entrarem para os lugares de Rakitic e Luis Suárez, avançado que marcou quatro golos nas últimas quatro rondas (ou seja, quase metade do total da equipa). E foi Riqui Puig a ter mesmo a primeira oportunidade do encontro, numa combinação entre Vidal e Nelson Semedo para a entrada do médio de trás mas a rematar fácil para Masip. Na teoria o plano podia não ser o melhor, até porque Griezmann em dois lances ficou meio perdido sem saber se havia de esperar ou de arriscar por não ter uma referência na área, mas a verdade é que resultou e, em cima do primeiro quarto de hora, Vidal inaugurou o marcador após mais uma assistência de Messi.

Nelson Semedo, na sequência de um grande passe de Busquets, ainda podia ter aumentado a vantagem, numa fase onde o protagonismo dos laterais era cada vez maior pelo reforço do meio-campo. No entanto, e até ao intervalo, a qualidade foi caindo, o que levou Quique Setién a lançar Luis Suárez logo no início da segunda parte para o lugar de Griezmann, que teve mais uma exibição completamente ao lado e desenquadrado da equipa. E tão cedo não voltou a agarrar na partida com o controlo que tinha conseguido na meia hora inicial, vendo mesmo Ter Stegen evitar com uma grande defesa o empate de Kiko Pérez (58′). Só de bola parada o Barcelona conseguia colocar mais em sentido os visitados, com Messi, que este sábado igualou as 20 assistências de Xavi em 2008/09 sendo também o melhor marcador da Liga, a rematar com perigo de livre direto para defesa de Masip para canto.

O golo do chileno, o jogador da Liga espanhola com maior eficácia de remate, deu vida ao Barcelona e materializou uma entrada assertiva que podia ter resolvido cedo o encontro. Não foi isso que aconteceu. E, mais uma vez, tal como já tinha acontecido por exemplo com o Espanyol, a equipa catalã “deu-se à morte”, baixando a velocidade, quebrando o rendimento e tendo de sofrer para garantir três pontos que poderiam deixar de ser assunto ainda na metade inicial. Ainda assim, sobraram os três pontos. E uma última pressão sobre o Real Madrid, que joga fora com o Granada na próxima segunda-feira num compromisso decisivo para quase sentenciar o título.