O parlamento angolano vota na terça-feira, na generalidade, a proposta de Orçamento Geral do Estado 2020 (OGE) revisto, documento elaborado com “pragmatismo e realismo”, disse a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves.

A proposta de OGE 2020 revisto, devido à pandemia da Covid-19, está estimado em 13,5 biliões de kwanzas (20,3 mil milhões de euros), com um défice de 4% face à proposta anterior.

A ministra das Finanças de Angola, em entrevista publicada esta segunda-feira pelo Jornal de Angola, destacou que o orçamento revisto acautela que se onere ainda mais o contribuinte.

Não é fácil este exercício numa nação como a nossa, em que há tantos desafios a que fazer face, do ponto de vista social, do ponto de vista dos incentivos económicos, do ponto de vista das infraestruturas, mas temos de, cada vez mais, encontrar soluções e modelos em que tenhamos a participação ativa do setor privado, e o Estado possa viver de acordo com as suas possibilidades”, disse a governante.

Segundo a ministra, o stock da dívida está em níveis que exigem cautela e algum cuidado, por conseguinte, o exercício de pragmatismo e realismo assume uma importância cada vez maior.

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Vera Daves frisou que houve muitos cortes na carteira de investimentos públicos para aqueles projetos que não têm associada nenhuma linha de financiamento externo, nem interno e nem fundos que resultaram da descapitalização do Fundo Soberano de Angola. A ministra salientou que houve uma redefinição das prioridades e todos os projetos cuja fonte de financiamento eram recursos ordinários do tesouro foram cortados da carteira de investimentos.

A governante angolana admitiu que o crescimento negativo da economia é uma preocupação, pelo que estão a ser tomadas medidas para melhorar o ambiente de negócios e fomentar a produção nacional.

A titular da pasta das Finanças de Angola sublinhou que vai levar o seu tempo, mas é já visível o dinamismo na produção nacional, que o governo pretende apoiar na sua aceleração, por via da redução dos custos fiscais dos insumos e na alocação de recursos públicos para iniciativas que fomentem o setor privado.

Com um Produto Interno Bruto em torno dos 3,6%, Vera Daves indicou que o orçamento revisto perde 30% de receita comparativamente ao que se encontra em vigor, que se traduz num défice fiscal. “Tivemos em 2018 um superavit, tivemos em 2019 um superavit e em 2020, muito provavelmente, com todos os pressupostos que temos em cima da mesa, teremos um défice”, referiu.

Para fazer face a esta situação, Vera Daves disse que não há escapatória no recurso ao financiamento, porque “a capacidade de cortar despesas tem limite”.

“O que resultar de receitas patrimoniais e o que conseguirmos encaixar com o programa de privatizações vai ajudar a cobrir o gap, e ainda assim teremos que recorrer a financiamento”, afirmou.

O parlamento angolano reúne-se, na terça-feira, em sessão extraordinária, para discussão e votação na generalidade da proposta de lei que aprova o OGE revisto para o exercício económico 2020, estando previstas também declarações políticas.