Os Verdes exigiram esta segunda-feira a fiscalização das obras de recuperação ambiental de uma antiga mina em Covas, Vila Nova de Cerveira, denunciando a “degradação e rutura das estruturas de drenagem e retenção de lixiviados na área”.

Numa pergunta dirigida ao Ministério do Ambiente e Ação Climática, a que a Lusa teve esta segunda-feira acesso, a deputada Mariana Silva explicou tratar-se da antiga “Área Mineira de Covas” situada na freguesia de Covas, concelho de Vila Nova de Cerveira, distrito de Viana do Castelo, que ocupava 427,35 hectares e envolvia várias minas, nomeadamente a mina de Valdarcas, onde decorreu, de forma regular entre 1952 e 1984, a exploração mineira de estanho, tungsténio e volfrâmio, outorgado à Geomina.

Esta exploração, a exemplo de muitas outras, em Portugal, deixou um passivo com impactos ambientais negativos muito significativos, ao nível da paisagem, da segurança das populações e dos recursos hídricos. Foi avaliado que, só nos últimos dez anos, a exploração mineira gerou 320 toneladas de concentrados de volfrâmio que originaram cerca de 500.000 metros cúbicos de material de escombreira”, sustenta Mariana Silva.

A deputada de Os Verdes adianta que, “em 2007, por forma a dar cumprimento à Lei de Bases do Ambiente e ao Decreto-Lei n.º 198-A/2001 de 6 de julho, foi dado início à recuperação ambiental desta área pela Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), entidade a quem está conferida a missão de proceder à recuperação ambiental de zonas degradadas por antigas explorações mineiras”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Já em 2008, adiantou, “esta intervenção foi dada por concluída, tendo beneficiado de um investimento total de 1.300.000 euros, no âmbito do POR Norte (POE/PRIME)”, sendo que, “na informação atualmente disponível na página oficial desta entidade, o valor do investimento referido é somente de 567.643,20 euros”.

Ainda segundo a informação da EDM, dada em 2008, a obra traduziu-se na modelação, estabilização e confinamento das escombreiras e na selagem de poços e galerias, bem como na execução de um sistema de drenagem e revegetação, integrando o espaço reabilitado nas povoações de Vilares e Frágua e veio criar as necessárias condições de segurança e indispensável renaturalização e recuperação paisagística em harmonia com os ecossistemas locais e regionais”, especifica.

Segundo Mariana Silva, “passados 12 anos, sobre a conclusão da recuperação ambiental desta área mineira, a situação que Os Verdes encontraram numa visita que fizeram ao local, acompanhados pela Associação COREMA e pelo Movimento S.O.S Serra d’Arga, levantam muitas preocupações pelos impactos que a degradação da obra pode vir a ter sobre o ambiente, a saúde e a segurança das populações, nomeadamente, sobre os recursos hídricos”.

As situações de degradação da obra que reportamos localiza-se na zona das lavarias, situada nas abas da Serra d’Arga, na margem esquerda do rio Coura, no qual vai desaguar o ribeiro para o qual escorrem estes lixiviados”, identifica.

O partido quer saber se Ministério do Ambiente tem conhecimento da situação e quem é responsável por garantir a fiscalização às áreas reabilitadas, depois da obra terminada.

Na questão, a deputada de Os Verdes quer ainda ser informada sobre “o número de fiscalizações feitas à “Área Mineira de Covas” desde 2008, data de finalização da obra, se existem relatórios dessas fiscalizações e se as mesmas registaram problemas”.

Têm sido feitas análises à qualidade da água do Rio Coura a jusante da entrada do Ribeiro Negro, afluente para o qual escorrem estes lixiviados, que medidas pretende o Ministério do Ambiente tomar para que esta situação, lesiva do ambiente e perigosa para a saúde, seja rapidamente reparada”, são outras das questões colocadas ao Ministério tutelado por João Pedro Matos Fernandes.