“Alegria para o fim do mundo”, título transcrito do livro de Andreia C. Faria, uma das poetas residentes do evento, é o mote de mais edição da Feira do Livro do Porto, um momento que marca a retoma das atividades culturais da cidade. “Esta é a sétima edição da feira do livro e pela primeira vez temos um mote literário que ecoa a situação de pandemia que foi vivida nos últimos meses e também o sentimento de esperança no futuro, olhando os poetas e os escritores como faróis, se quiserem como profetas deste tempo”, sublinhou Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto.

Coordenado por Nuno Faria, diretor do Museu da Cidade, o roteiro desta edição é marcado por duas grandes homenagens a escritoras femininas, Leonor de Almeida e Maria de Sousa, falecida a 14 de abril, vítima da Covid-19.

Anabela Mota Ribeiro e José Eduardo Agualusa programam uma sessão especial das Quintas de Leitura, que fazem o arco temporal de quase cem anos de poetas portuguesas, e cinco conversas com escritoras como Ana Luísa Amaral, Hélia Correia ou Matilde Campilho que irão interpretar e analisar heroínas da ficção no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett. Distopia, medo, morte, doença ou corpo são palavras que impulsionam cinco debates no Auditório do Pavilhão Rosa Mota, moderadas por nomes como Pedro Santos Guerreiro, Teresa Nicolau ou Teresa Coutinho.

Feira do Livro do Porto arranca em agosto com concertos de bolso e enfoque na língua portuguesa

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O cinema também fará parte do rol de iniciativas com cinco sessões que mostram como, através da ficção, da linguagem documental e do ensaio, a obra da artista feminista de Lynn Hershman Leeson. A performance junto ao lago ficará a cargo da companhia de circo contemporâneo Erva Daninha, já no âmbito do programa comemorativo dos 200 anos da Revolução Liberal do Porto, o ciclo das Conversas Situadas será retomado, “para questionar muitas das noções que foram adquiridas no contexto atual”, contando com a participação de nomes como Jaime Nogueira Pinto, Francisco Assis, Bernardino Soares ou Helena Matos.

“Haverá muitas atividades que serão transmitidas através da rádio, é uma programação de valorização da língua portuguesa e dos poetas, escritores e artistas com especial foco para os que trabalham na ou a partir da cidade”, referiu o autarca do Porto na apresentação da Feira do Livro, que este ano terá a componente sonora como uma das suas protagonistas.

Como forma de apoiar e incentivar as bandas portuenses, que devido à pandemia viram o seu trabalho interrompido e condicionado, o Terreiro da Casa do Roseiral, a Concha Acústica e o Lago dos Cavalinhos serão palco de 24 concertos de bolso, com a curadora dos Maus Hábitos, apresentações da Associação Porta-Jazz e um concerto dos pianistas Mário Laginha e Pedro Burmester, que assinala o encerramento da Feira do Livro. A programação inclui ainda oficinas, exposições e uma feira da Alegria destinada ao público infanto-juvenil.

Nova sinalética, máscaras obrigatórias e espaço limitado a 3500 pessoas

Com 120 stands de livros, representando 80 entidades, entre distribuidores, editoras, livreiros, alfarrabistas, entidades publicas ou privadas, nesta edição a Feira do Livro do Porto vai além dos Jardins do Palácio de Cristal, ocupando outros espaços. “Aquilo que procuramos, atendendo às circunstâncias, foi a diversificação de espaços e programação de atividades simultâneas que, por um lado, permitam uma maior abrangência de públicos e ao mesmo tempo garanta as condições de segurança”, refere Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto.

Para cumprir todas as orientações emitidas pela Direção-Geral de Saúde, o município do Porto e as entidades participantes na feira vão ativar os seus planos de contingência. Desta forma, sempre que for detetado algum caso suspeito entre os participantes, o secretariado deve ser informado imediatamente. “Teremos uma área prevista para essa circunstância”, garante Rui Moreira.

O autarca revela que o recinto será delimitado a 3500 pessoas e haverá uma definição clara dos acessos de entrada e de saída, bem como os respetivos circuitos com reforço significativo da sinalética direcional. “Ao longo de todo o recinto em que decorrerá a Feira do Livro haverá dispensadores de solução séptica de base alcoólica e sinalética a reforçar a necessidade de adoção das medidas de prevenção e rigor.”

No acesso aos pavilhões haverá sinalética que promoverá medidas em vigor como distanciamento físico, o uso da máscara, a higienização das mãos ou a promoção de meios de pagamento sem contacto. A organização fornecerá a todos os expositores participantes luvas descartáveis, “de modo a assegurar a sua utilização no manuseamento dos livros por parte dos visitantes” e todos terão que usar máscara e viseira.

Além da limpeza habitual, Rui Moreira acrescenta que serão promovidas rotinas de desinfeção adequadas realizada pela equipa especial do Batalhão de Sapadores do Porto.