O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, considerou esta quarta-feira que a decisão do Reino Unido de deixar Portugal fora da lista de destinos seguros para viajar não tem fundamento científico, mesmo com o critério que o país escolheu seguir.

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital participava numa conferência organizada em conjunto pelas agências de notícias Lusa e a espanhola EFE, com o tema “Turismo em tempos de Covid-19”, quando considerou que a decisão do Reino Unido, um dos principais mercados turísticos para Portugal, foi tomada “sem fundamento científico, mesmo adotando o critério que decidiu seguir”.

São situações completamente diferentes, o que se passa em Lisboa e no resto do território, que tem níveis muito baixos de incidência“, acrescentou. O governante sublinhou também que o nível de disponibilidade do sistema de saúde nacional nunca esteve em stress, conseguindo, assim, dar resposta à pandemia.

O Reino Unido é o principal mercado emissor de turistas para Portugal, tendo representado 19,2% das dormidas de estrangeiros em 2019 e vindo a registar sucessivos crescimentos desde 2013, apenas interrompidos em 2018, de acordo com dados do INE. Os destinos preferenciais dos hóspedes britânicos foram o Algarve (63,4% das dormidas do mercado), a Madeira (18,5%) e a Área Metropolitana de Lisboa (10,8%).

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A 3 de julho, o Reino Unido anunciou quais os “corredores de viagem internacional” que iria retomar a partir de dia 10 do mesmo mês, excluindo Portugal dessa lista.

A diplomacia portuguesa já reagiu, considerando a decisão do Reino Unido de excluir Portugal dos “corredores de viagem internacionais” como um “absurdo”, “errada” e que causa “muito desapontamento”, trazendo ainda graves consequências económicas e de confiança recíproca.

Na conferência desta quarta-feira, Pedro Siza Vieira disse ainda estar convencido de que Portugal, “pela sua capacidade de se apresentar ao mundo como destino seguro”, com uma grande diversidade de paisagens e ambientes culturais, vai voltar ao centro das preferências dos consumidores.

Durante este tempo, que daqui medeia até recuperarmos o fluxo de viagens que todos esperamos, é muito importante termos a capacidade de suportarmos as milhares de empresas, muitas delas pequenas e médias empresas, que vão ter um volume de negócios muitíssimo reduzido durante este ano, que precisam de ser preservadas o mais possível no seu conhecimento, porque isso é que faz o sucesso de um destino turístico”, reiterou.

Pedro Siza Vieira considerou necessário investir nos fatores de competitividade futura, como a sustentabilidade, a digitalização e a qualificação dos recursos humanos.

“Vamos continuar a investir naquilo que são os novos destinos do país, o turismo de natureza […], reconverter edifícios em parques, […] apoiar a reconversão de unidades de alojamentos para um sistema de mais economia circular, maior eficiência energética”, garantiu o ministro.