A matemática era fácil, a concretização é que podia não ser assim tão linear: com a receção a um Belenenses SAD que depois da vitória na Vila das Aves fechou demasiado cedo a loja em relação às contas pela permanência fazendo apenas dois pontos nas últimas seis jornadas, o Sp. Braga queria dar continuidade ao bom momento desde que Artur Jorge assumiu o comando após a saída de Custódio (duas vitórias, 9-1 em golos), quiçá colocar Paulinho como melhor marcador da Liga e esperar de forma tranquila pelo resultado no clássico que poderia deixar os minhotos a dependerem apenas de si nos derradeiros dois jogos para o terceiro lugar. Saiu tudo ao contrário.

Quando nada o fazia prever, em vantagem por 1-0 numa partida onde poderia ter resolvido e construído caminho para mais uma goleada, o Sp. Braga facilitou no último quarto de hora e acabou por ser surpreendido com o empate do Belenenses SAD na única oportunidade flagrante que teve ao longo da partida (Matheus foi pouco mais do que um espetador na Pedreira). Numa imagem que retrata o que se passou ao longo de 90 minutos, Ricardo Esgaio, o irmão mais velho, esteve numa equipa minhota que agarrou no controlo do início ao fim, jogou e fez jogar e esteve entretido com mais um encontro com qualidade; no final, Tiago Esgaio, o irmão mais novo, agarrou na bola em nome da formação lisboeta, pôs debaixo do braço e levou um ponto importante nesta fase.

Apesar de voltar a começar com linhas muito baixas, mais uma vez seguindo a estratégia utilizada no Dragão de ter uma primeira fase de controlo do jogo para depois tentar esticar o encontro, o Belenenses SAD teve capacidade para, também como frente ao FC Porto, chegar numa transição rápida à área dos minhotos com Nelson Pina a aparecer em zona de tiro na área para um grande corte de João Palhinha de carrinho a fazer lembrar um jogador de futsal (e a comemorar como tal). Esse momento, ainda dentro dos dez minutos iniciais, acabaria por funcionar como dínamo para aquilo que se seguiria até ao intervalo, onde houve Sp. Braga e apenas Sp. Braga.

Com Francisco Trincão a fazer magia sempre que tocava na bola, jogando mais da ala para dentro ou recebendo entre linhas para desequilibrar virado para a baliza, os minhotos aproveitaram o excesso de concentração de azuis  no corredor central para chegarem ao último terço pelas laterais, fazendo brilhar o guarda-redes Hervé Koffi, de novo a melhor unidade do Belenenses SAD, que evitou os golos de Ricardo Esgaio, Fransérgio ou Paulinho. O conjunto lisboeta tinha perdido por completo a capacidade de saída, estava acantonada perto da área para segurar o nulo até ao intervalo mas acabou por cair num erro crasso na saída de bola, com assistência de Trincão para Ricardo Horta encostar na área ao segundo poste para o golo inaugural do encontro (42′).

Para o segundo tempo, Artur Jorge decidiu trocar Palhinha por Galeno, não só para poupar o médio a um possível segundo amarelo mas também para dar outra capacidade de construção no meio-campo com Fransérgio um pouco mais recuado com André Horta até pelo posicionamento demasiado recuado dos azuis. E foi com essa mudança que houve mais qualidade na chegada de bola a zonas de finalização, com Koffi a prosseguir a série de defesas difíceis entre tentativas de Trincão e Galeno, vendo ainda Ricardo Horta acertar de raspão na trave de livre.

Petit precisava de mexer alguma coisa e arriscou com a troca dos três elementos mais avançados, tirando de jogo Licá, Robinho e Keita para as entradas de Cassierra (que por tudo o que tem feito sobretudo desde a retoma devia merecer lugar cativo na equipa), Marco Matias e Edi Semedo, com este último a ter o primeiro remate com perigo à baliza de Matheus numa das poucas saídas da segunda parte que conseguiram colocar bola na frente. E não seria sol de pouca dura, porque os minhotos não foram aproveitando da melhor forma a subida das linhas da formação de Petit, viram um golo de Paulinho ser anulado e, dois minutos depois, Cassierra fez o empate a dez minutos do final com um desvio de cabeça no coração da área após cruzamento largo de Tiago Esgaio da direita.

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