O presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Orlando Rodrigues, avisou esta terça-feira os estudantes que está a pensar seriamente cortar apoios sociais àqueles que desrespeitarem as regras sanitárias impostas pela pandemia da Covid-19.

O aviso foi feito esta terça-feira numa sessão de esclarecimento sobre a Covid-19, por videoconferência, promovida pela Associação de Estudantes Africanos, depois de terem surgido dois surtos de contágio entre colegas, associados a festas e ajuntamentos que têm obrigado à intervenção das autoridades.

O presidente do politécnico advertiu para as consequências destas atitudes podem passar pelo corte de apoios que a instituição está a dar aos alunos, desde o banco alimentar a bolsas.

Estamos a pensar seriamente em cortar esses apoios sociais em todas as situações de manifesta infração, incumprimento que surjam”, afirmou, salientando que a medida se aplicará a todos os alunos que desrespeitem as regras e não a quem testar positivo para a Covid-19.

Orlando Rodrigues ressalvou que “a maioria dos estudantes do IPB têm sido exemplares”, mas “o impacto das ações de uma minoria muito reduzida pode ser muito negativo em toda a comunidade”.

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Na sessão, que foi transmitida no canal do IPB no youtube, participou também a Autoridade de saúde regional, Inácia Rosa, que, questionada pelos estudantes sobre o número de casos confirmados, respondeu apenas que existem dois surtos no IPB, entre a comunidade africana.

“A quantidade não interessa, são casos residuais”, disse, acrescentando que o primeiro surto “está praticamente controlado”, e que o segundo “está a surgir” e oferece preocupação, pois tratam-se de pessoas que “saltam” entre localidades, nomeadamente entre a região e Lisboa.

Inácia Rosa reconheceu, no entanto, que Bragança esteve muito bem no início da pandemia e “agora são muitos casos”.

“Não estávamos habituados”, afirmou.

Esta sessão virtual de esclarecimento contou com pouco mais de uma centena de assistentes entre alunos, comunicação social e outros intervenientes do politécnico, que tem mais de 2.000 estudantes africanos entre os quase nove mil estudantes.

A Associação de Estudantes Africanos já tinha publicado um comunicado a reprovar o comportamento daqueles que infringem as proibições de ajuntamentos e justificou a sessão desta terça-feira com o objetivo de “evitar as situações menos agradáveis” que têm sido presenciadas, assim como de contribuir para conter e extinguir o foco de transmissão do vírus com a ajuda de todos.

O presidente da associação, Wanderley Antunes, agradeceu a oportunidade de os estudantes africanos estudarem na cidade de Bragança e prometeu “tudo fazer para limpar a imagem” que se tem criado em torno da comunidade.

O dirigente pediu ainda aos colegas para estarem atentos a ajuntamentos e festas em casa e para avisarem no caso de detetarem este tipo de situações.

O distrito de Bragança contabiliza, desde o início da pandemia, 364 casos de infeção pelo novo coronavírus e 24 mortes associadas à Covid-19.