O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu esta quarta-feira a realização de um inquérito independente à forma como o governo respondeu à pandemia Covid-19 no Reino Unido, um dos países onde o coronavírus provocou mais mortes.

Johnson respondia ao líder interino dos Liberais Democratas, Ed Davey, durante o debate semanal na Câmara dos Comuns, que pediu um “compromisso em princípio” na realização de um inquérito independente.  “Não penso que agora, no meio do combate à pandemia, seja a altura certa para dedicar muito tempo a um inquérito, mas obviamente que vamos procurar aprender as lições desta pandemia no futuro, e certamente que vamos ter um inquérito independente ao que aconteceu”, afirmou Boris Johnson.

Até agora o chefe do governo tinha descartado um inquérito exigido por uma petição iniciada por familiares de vítimas, que angariou mais de 150 mil assinaturas.

O grupo, auto-intitulado “Covid-19 Bereaved Families for Justice”, é composto por famílias de mais de 1.200 pessoas que morreram durante a pandemia Covid-19 no Reino Unido, e invoca como objetivo ajudar a impedir uma segunda vaga de mortes.

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Em resposta ao líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, que disse que ia encontrar-se com representantes do grupo esta tarde, Johnson prometeu que o governo está a tomar medidas para impedir um ressurgimento da pandemia, como o desenvolvimento de um sistema de rastreamento e investimento nos serviços de saúde.  “Vamos fazer absolutamente tudo o que estiver ao nosso alcance para prevenir uma segunda vaga desta pandemia e é por isso que estamos a tomar passos”, afirmou.

De acordo com o ministério da Saúde britânico, o Reino Unido registou até terça-feira 44.968 mortes (entre 291.373 casos de contágio confirmados por teste), o maior número na Europa e o terceiro maior a nível mundial, atrás dos Estados Unidos e Brasil.

Porém, estatísticas oficiais que incluem casos suspeitos cujas certidões de óbito faziam referência à Covid-19 apontam para um balanço de quase 56 mil óbitos, embora o ritmo tenha decrescido significativamente nas últimas semanas.

Um relatório publicado na terça-feira pela Academia das Ciências Médicas estimou que uma segunda onda de infeções no inverno pode provocar mais cerca de 120 mil mortes, sobretudo entre janeiro e fevereiro.