Não durou muito a estátua erguida à revelia das autoridades na cidade britânica de Bristol, como gesto de apoio ao movimento Black Lives Matter. Depois de ter sido exposta esta quarta-feira, a obra de arte foi retirada por trabalhadores municipais na manhã desta sexta-feira.
Em causa está uma estátua do artista Marc Quinn, onde está representada Jen Reid, uma mulher negra, com o punho direito erguido. A estátua foi erguida no pedestal da estátua de Edward Colston, deputado do século XVIII que esteve diretamente envolvido no comércio de escravos.
A estátua do esclavagista foi célebremente vandalizada e derrubada e, de seguida, atirada ao rio a 7 de junho deste ano, na sequência das manifestações anti-racistas que se seguiram à morte do afro-americano George Floyd durante uma detenção policial em Minneapolis.
De acordo com o The Telegraph, a remoção da estátua foi feita por volta das 5h20 desta quinta-feira, por trabalhadores mandatados pela autarquia de Bristol.
De acordo com aquilo que as autoridades locais escreveram no Twitter, a escultura em causa está agora nas instalações do museu municipal. A partir daqui, será dada a escolha ao autor da obra de arte recolher a estátua ou doá-la à coleção do museu.
This morning we removed the sculpture. It will be held at our museum for the artist to collect or donate to our collection. Bristol Mayor Marvin Rees issued a statement yesterday about the need for a democratic process where the people of Bristol decide the future of the plinth
— Bristol City Council (@BristolCouncil) July 16, 2020
Em comunicado ainda na quarta-feira, o presidente da câmara de Bristol, o trabalhista Marvin Rees, sublinhou que a escultura colocada na quarta-feira “é fruto do trabalho e da decisão de um artista de Londres” que “não houve solicitada” pela autarquia.
Assim, Marvin Rees procurou explicar a decisão de retirar a estátua referindo que o seu “inabalável compromisso” é com a construção de “uma cidade para todos os habitantes de Bristol, com todas as nossas [suas] diferenças”.
“Por isso, o futuro do pedestal e aquilo que será instalado em cima dele terá de ser decidido pelo povo de Bristol. Tal será essencial para construir uma cidade que acolhe aqueles que estão eufóricos com o derrube da estátua, aqueles que simpatizam com a sua remoção mas estão consternados com a forma como ela aconteceu, e aqueles que sentem que perderam uma parte da Bristol que eles conhecem e, por isso, uma parte deles próprios”, lê-se naquele comunidade.