O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, defendeu esta quinta-feira um amplo diálogo para fortalecer o ensino no país durante a cerimónia de posse do novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, em Brasília.

“Certamente, e com um amplo diálogo, seremos capazes de alcançar entendimentos”, declarou Bolsonaro no Palácio da Alvorada, sua residência oficial e local onde trabalha isolado enquanto recupera da Covid-19.

A declaração do chefe de Estado brasileiro aconteceu durante a posse do novo ministro numa transmissão ao vivo exibida no Palácio do Planalto, onde a cerimónia aconteceu.

O Presidente brasileiro avaliou que o que liberta um país não são os programas sociais, mas o conhecimento.

Bolsonaro pediu ao novo ministro da Educação que desenvolva políticas públicas para ajudar a restaurar a autoridade dos professores nas salas de aula.

O novo ministro da Educação disse que trabalhará pelo diálogo ao afirmar querer ouvir “académicos e educadores que estão entristecidos com o que vem acontecendo com a educação em nosso país”.

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Contrariando ideias defendidas por movimentos de extrema-direita que apoiam o Governo brasileiro, Ribeiro declarou que “olhando para trás, não se pode negar que muitos fizeram enormes contribuições” para a área da educação e que “não estava tudo errado”, embora tenha apontado que “havia algumas políticas erradas”.

O novo ministro também negou, como publicado por alguns meios de comunicação locais, que tenha defendido a violência física contra estudantes, prática que avaliou ser “parte de um passado que não queremos de volta”.

Ribeiro será o quarto ministro a liderar a tutela da Educação desde o início do atual Governo brasileiro, em janeiro 2019.

Além do perfil académico, o novo ministro nomeado por Bolsoanro é pastor reverendo na Igreja Presbiteriana de Santos, no litoral de São Paulo, numa nomeação que agrada à ala ideológica, conservadora, do executivo.

Segundo o seu currículo académico na plataforma Lattes, Ribeiro é licenciado e mestre em Direito, e possui doutoramento em Educação. Foi também vice-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.

O pastor presbiteriano substitui Carlos Decotelli, que se demitiu do cargo ministerial em 30 de junho, uma semana após ser nomeado e antes mesmo de tomar posse, devido a várias polémicas com o seu currículo, como suspeitas de falsos títulos académicos e de plágio.

Decotelli tinha sido nomeado para substituir o anterior ministro Abraham Weintraub, que teve uma gestão marcada por polémicas.

Ao longo do tempo em que integrou o executivo de Jair Bolsonaro, Weintraub acumulou desavenças com reitores de universidades, estudantes e parlamentares, após ter decretado duros cortes na Educação, assim como causou problemas diplomáticos com a China e Israel.

Mais recentemente, entrou em conflito com juízes do Supremo Tribunal federal (TSF), ao defender a prisão dos magistrados, sendo alvo de dois inquéritos que tramitam naquela que é a mais alta instância do poder judicial brasileiro.

Weintraub deve agora assumir um cargo na representação brasileira na direção do Banco Mundial, com sede em Washington, nos Estados Unidos da América.

Ribeiro torna-se assim no quarto ministro da Educação do Governo de Bolsonaro, depois de Decotelli, Weintraub e de Ricardo Vélez, naquela que é uma das tutelas com mais instabilidade no atual executivo.