Os CTT – Correios de Portugal acusaram esta sexta-feira a Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa de proferir, no parlamento, declarações “genericamente infundadas e frequentemente falsas” sobre o serviço de distribuição.

Os CTT – Correios de Portugal, repudiam veementemente as declarações da comissão de trabalhadores dos CTT, prestadas esta sexta-feira na comissão parlamentar da Economia e Obras Públicas por serem genericamente infundadas e frequentemente falsas”, referiu, em comunicado, a empresa.

A comissão de trabalhadores dos CTT acusou esta sexta-feira a empresa de não cumprir nenhum indicador de qualidade previsto no contrato de concessão, nomeadamente a distribuição nacional domiciliária, e de “aproveitar” a pandemia para justificar incumprimentos.

Faltam muitos trabalhadores nos CTT, estamos a trabalhar com muito menos pessoas. Desde o início da pandemia, há correio de dois em dois dias, a nível nacional. Não há distribuição nacional domiciliária diária. A distribuição é feita quando há pessoas, de dois em dois dias”, disse aos deputados da comissão parlamentar de Economia o coordenador da comissão de trabalhadores dos CTT, José Rosário.

No comunicado, os correios asseguraram que, desde o início da pandemia de Covid-19, mantiveram o serviço de distribuição, tendo sido para tal “decisivo o esforço heroico” dos trabalhadores.

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A empresa garantiu que foi implementado um conjunto de medidas de contingência e assegurada a proteção dos trabalhadores, através de um modelo de funcionamento com equipas de reserva nos centros de distribuição e tratamento.

Apesar de admitirem que o plano de contingência “sacrificou a velocidade de distribuição em alguns dias e nalguns produtos”, os CTT sublinharam ser “inequívoco” que este foi a chave para manter a continuidade do serviço.

Neste sentido, a empresa rejeitou “veementemente” a acusação de que se estaria a aproveitar da pandemia para não renovar contratos.

Os CTT nunca deixaram de gerir a adequação da dimensão das equipas à procura existente. Tanto assim é que, mesmo antes do Governo ter decretado o início do desconfinamento, os CTT decidiram reforçar as equipas em mais de 800 pessoas nas áreas operacionais”, lê-se no documento.

Já no que se refere à frota, a empresa destacou um investimento de mais de 15 milhões de euros em nova tecnologia de tratamento de correio, a aquisição de 200 motociclos, o reforço da frota de distribuição com mais de 100 viaturas, bem como o reforço da componente elétrica da frota, o investimento superior a meio milhão de euros em camiões de transporte, a abertura de 10 lojas em sedes de concelho e o investimento em novas instalações adaptadas a tráfego de maior volumetria, cujo montante não foi revelado.

Os correios acrescentaram que, para reagir “à brutal e súbita quebra dos proveitos” introduziram o cartão-refeição, ressalvando que desta medida não resulta uma perda de rendimentos.

Os CTT lamentam e repudiam a posição da comissão de trabalhadores que, com afirmações infundadas e na sua maioria, manifestamente falsas, penalizam a imagem da empresa a que pertencem, comprometem a sua sustentabilidade e não fazem justiça, nem ao enorme sentimento de pertença e orgulho que é timbro dos trabalhadores dos CTT, nem ao mérito que lhes cabe na forma como, coletivamente, a empresa reagiu à situação que atravessamos”, concluíram.

Na audição no parlamento, José Rosário começou por explicar que a comissão de trabalhadores pediu para ser ouvida porque a empresa está à beira do fim do contrato de concessão e o ano atual é “um dos anos mais importantes na vida” dos CTT, cujos trabalhadores querem dar a conhecer o que existe esta sexta-feira na empresa e o seu futuro.

A CT acusou ainda os CTT de aproveitarem a pandemia para rescindir contratos e não renovar contratos de prestação de serviços, usando-a como “uma desculpa para justificar o incumprimento do contrato de concessão”.

José Rosário contou aos deputados que “faltam muitos trabalhadores” nos CTT e que a empresa está a trabalhar “com muito menos” pessoas e que também há falta de meios, salientando a necessidade de um “investimento forte” na frota para a distribuição dos objetos.

Em maio passado, os sindicatos representativos de trabalhadores dos CTT pediram uma reunião ao ministro das Infraestruturas sobre o que chamaram “situações graves” na empresa que querem que volte para a tutela do Estado.

O contrato de concessão do serviço postal universal, que foi celebrado entre o Estado e os CTT, vigora até ao final de 2020.