A Tesla não tem muita experiência enquanto fabricante de automóveis, o que a leva a cometer algumas gaffes que os rivais, mais tradicionalistas e conhecedores, há muito contornam. Vem isto a propósito das baterias que os Model 3 e Model Y usam, com melhor desempenho do que as utilizadas nos topo de gama, os Model S e X. Esta opção sempre caiu mal junto dos compradores dos modelos mais onerosos, que pagavam mais mas que percebiam que tinham baterias piores.

A Tesla tem vindo a resolver essa questão e, depois de um período em que o Model 3 recarregava a 250 kW e os Model S e X estavam limitados a 150 kW, foi continuamente evoluindo. Primeiro para 200 kW e, finalmente agora, para os mesmos 250 kW, fazendo praticamente jogo igual com o Taycan – cujas potências de carga oscilam entre 225 e 270 kW, consoante a versão –, apesar de o Porsche recorrer a um sistema a 800V.

Segundo o fabricante norte-americano, tudo se resolveu com recurso a uma actualização de software, enviada over-the-air para todos os clientes, desde que os modelos montem uns cabos mais grossos na ligação ao posto de carga, para que durante as recargas a grande potência não haja um aquecimento excessivo.

Tanto quanto se sabe, os Model S e X ainda recorrem às células cilíndricas mais pequenas, as 18650, enquanto os Model 3 e Y montam as células cilíndricas 21700, mais altas e mais grossas, com mais 30% de capacidade. O fabricante já avançou que a química das 18650 mais recentes foi actualizada, com isto talvez a explicar os ganhos em termos da potência com que conseguem lidar na fase de carga. Mas a lição principal a retirar de tudo isto, para a Tesla, é que um modelo mais pequeno e barato não pode oferecer uma bateria melhor, um tipo de erro que a concorrência não comete há muito para não ferir a susceptibilidade dos clientes que pagam mais pelos modelos topo de gama.

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