Passou apenas uma semana mas o discurso mudou. Na jornada anterior, altura da deslocação à Madeira para enfrentar o Marítimo, Carlos Carvalhal garantiu que o objetivo era alcançar a vitória sem pensar na possibilidade de chegar ao máximo histórico de pontos que o Rio Ave já conquistou na Primeira Liga. O jogo acabou sem golos, com um empate e sem que os vilacondenses tivessem feito história. Talvez por isso, para mudar a antecipação do encontro, Carvalhal não se tenha amarrado na hora de garantir que esse continua a ser um dos objetivos da equipa.
“Estamos bem posicionados, com um número de pontos considerável, mas temos a expectativa de fazer o maior número na história do clube. Para isso, estamos focados em vencer já este jogo. Temos de atingir um equilíbrio para conquistar mais pontos, frente a um adversário que tem a sua época consolidada, mas também o quer. Na classificação ainda estamos numa luta onde podemos colher outros frutos”, disse o treinador do Rio Ave na antecâmara da receção deste sábado ao Santa Clara, onde um ponto bastava aos vilacondenses para superar os 51 da época 2017/18 e tornar-se a melhor equipa da história do clube.
RA-STA, faltam 0’
Só vitórias do Santa Clara nos Arcos para a 1.ª divisão
1999????0❤️5
2019????1❤️2— Rui Miguel Tovar (@ruimtovar) July 18, 2020
Mas o jogo com os açorianos valia mais do que isso. Em cenário de vitória, o Rio Ave ultrapassava provisoriamente o Famalicão, chegando ao quinto lugar que dá acesso à Europa, e pressionava desde já a equipa de João Pedro Sousa, que só jogava ao final do dia com o Boavista. Com Nuno Santos e Lucas Piazon no apoio ao inevitável Taremi, o Rio Ave enfrentava um Santa Clara que está confortável na tabela e que na semana passada venceu sem dúvidas o já despromovido Desp. Aves. Em comparação com esse jogo, João Henriques voltava a deixar Diogo Salomão e Crysan no banco, ambos titulares contra os avenses, e voltava a lançar Rashid e Carlos Júnior no onze inicial.
Numa primeira parte em que o Rio Ave foi quase sempre superior, a equipa de Carlos Carvalhal abriu o marcador ainda antes da meia-hora, por intermédio de Taremi. Numa jogada brilhante de transição ofensiva, que passou da ala direita para o corredor esquerdo, Matheus Reis assistiu o avançado iraniano na grande área e Taremi só precisou de desviar ao primeiro poste para fazer o primeiro golo do jogo (23′). Numa altura em que já ambas as equipas pensavam no intervalo, o Santa Clara conseguiu chegar ao empate na melhor altura possível e foi para a segunda parte com o resultado relançado: num lance aos repelões e com alguns ressaltos, Zé Manuel acabou por conseguir tocar para fazer um chapéu a Kieszek à saída do guarda-redes (45′).
João Henriques lançou Pierre Sagna no início da segunda parte e Carlos Carvalhal reagiu dez minutos depois com a entrada de Carlos Mané. Os açorianos chegaram à vantagem a pouco mais de 20 minutos do apito final, por intermédio de Fábio Cardoso num lance de insistência na sequência de um livre (69′), mas o Rio Ave ainda foi a tempo de empatar de grande penalidade, novamente através de Taremi (81′), e evitar a derrota.
Apesar de não ter conseguido ganhar, o Rio Ave chegou aos 52 pontos, superou a marca recorde de 2017/18 e esta tornou-se a melhor equipa de sempre dos vilacondenses na Primeira Liga. Com o ponto conquistado, o conjunto de Carlos Carvalhal igualou ainda o Famalicão no quinto lugar e fica agora à espera de ver o que faz a equipa de João Pedro Sousa contra o Boavista — que, em caso de vitória, confirma desde já a presença na Liga Europa. O Rio Ave não ganhou mas fez história — e Mehdi Taremi é o nome próprio do grupo que já entrou para os livros da equipa de Vila do Conde.