O antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes, diz que Portugal vai receber “uma pipa de massa” da União Europeia caso haja acordo em Bruxelas. “Vamos receber quase 12 mil milhões por ano, entre fundo perdido e empréstimos”, afirmou, embora antes de entrar no estúdio da SIC para o seu comentário semanal as perspetivas de acordo não “fossem muito positivas”. Além disso, Marque Mendes falou do caso BES, cuja acusação marcou os últimos dias, divulgou os resultados de uma sondagem que coloca o PS em primeiro e elogiou a contratação de Jorge Jesus. Só não falou no grande caso que encerrou esta semana: a saída de Cristina Ferreira da SIC para a TVI.

Os 27 tentam acordo à mesa do jantar, depois de mais um dia intenso de negociações

O também conselheiro de Estado falava do plano de recuperação económica que está a ser discutido em Bruxelas este fim de semana pelos líderes dos Estados-membros da União Europeia. “Até agora, recebemos de fundos europeus cerca de 3,7 mil milhões de euros por ano”, lembrou, concluindo que Portugal pode passar a receber “quase mil milhões de euros por mês”, a tal “pipa de de massa”. No entanto, há “três países estão a fazer braço de ferro”, a Holanda, Suécia e Dinamarca.

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De momento, nas negociações, países como Portugal já conseguiram reduzir o dinheiro a fundo perdido para 450 mil milhões, mas os outros países querem descer ainda mais 350 mil milhões. “Não está fácil”, assumiu. “Se a Europa não chega a um entendimento é começar a semana a um murro no estômago”, desabafou.

“Depois do fundo de resolução, podemos receber entre 23 e 27 mil milhões”, disse. Ou seja, Portugal pode “triplicar” o dinheiro. “Nunca tivemos uma oportunidade como esta”, referiu. Não obstante, não deixou de referir o mais importante: “Falta saber é se a vamos saber aproveitar (…). É que não chega atirar dinheiro para cima dos problemas”.

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Por causa disso, relembrou o plano de António Costa Silva. Do ponto de vista estratégico “é um bom documento”, assume. Tem três ideias: “a ideia da reindustrialização; a ideia da aposta na ferrovia no país, o que é positivo”; e a “a ideia de um pacto entre o Estado e as empresas”. Não obstante, deixa três críticas. Primeiro, este plano “diz que tudo é necessário”, não criando verdadeira prioridades. Além disso, há um problema de “quantificação”, “precisamos de saber quanto é que vai custar”, disse. Por fim, o plano de ação não “o compromisso de metas, de objetivos”, refere.

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BES: acusação “sólida, consistente e bem fundamentada”

Marques Mendes confessa que ainda não leu as cerca de 4 mil páginas de acusação aos gestores do BES, conhecida esta semana após seis anos de investigação. Um tempo que, para o comentador, tem para o Ministério Público atenuantes: “É um processo muito complexo”. Ainda assim é uma “acusação é sólida, consistente e bem fundamentada”.

“O objetivo era descapitalizar o banco para tentar salvar o GES [Grupo Espírito Santo]”, diz. “Ricardo Salgado pagava tudo com bónus, recompensas. Estamos a falar de um polvo e de um caso seríssimo”, diz Marques Mendes.

Mendes acredita que o processo vai culminar em condenações, contudo “a má notícia é que este processo vai demorar sete a oito anos até chegar ao fim: dois anos e meio para a instrução; dois anos e meio para o julgamento; mais dois para recursos. Se tudo correr bem”.

Marques Mendes não deixou de tecer elogios ao antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, porque “prestou um grande serviço” ao fazer avançar este caso. E também ao ex-primeiro-ministro social democrata, Pedro Passos Coelho, que “recusou” o financiamento ao BES. ”

Não é endeusar Passos, mas poucos primeiros-ministros do PS e do PSD tivessem a coragem de fazer o que Passos Coelho fez”, diz.

Um terceiro elogio para José Maria Ricciardi: “foi a única pessoa que pôs o pé a Ricardo Salgado”.

Jorge Jesus serve para “disfarçar” os problemas judiciais do Benfica e a antecipação de uma sondagem que põe o PS à frente

Marques Mendes falou ainda sobre o regresso de Jorge Jesus ao Benfica, o que classificou como “uma grande vitória pessoal” do treinador de futebol. “Há 5 anos, Jorge Jesus saiu do Benfica a mal, empurrado pela porta dos fundos, com um processo judicial, o mínimo que lhe chamaram foi de traidor”, aponta. “Agora reentra pelo Benfica pela porta grande”, diz.

Agora, a volta de Jesus é uma desculpa de Luís Filipe Vieira, Presidente do Benfica, para “disfarçar os problemas judiciais” do clube, diz o ex-ministro. Por isso é que o Benfica cedeu praticamente a tudo o que foi pedido por Jorge Jesus, acusou.

Quanto a outros temas, Marques Mendes antecipou uma sondagem que se vai ser revelada esta segunda-feira do barómeto JN/TSF/AXIMAGE, em que o PS surge com 40,4% das intenções de voto, o PSD com 26,7%, BE com 8,5%, a CDU com 6%, Chega com 5,2%, PAN com 2,6%, CDS 2,1%, e a IL com 2,1%. “Isto vai dar muito para comentar” esta semana, refere.