Parma, Brescia, Hellas Verona. A Roma não teve propriamente o regresso mais conseguido depois da pandemia mas Paulo Fonseca conseguiu estabilizar o grupo, foi vendo a equipa crescer no plano físico e fez a terceira série consecutiva de três vitórias na Serie A que se podia tornar recorde em caso de vitória. Torino, SPAL. O Inter não teve também propriamente o regresso mais conseguido depois da pandemia mas Antonio Conte conseguiu estabilizar a equipa e, ainda que longe do arranque da época (seis triunfos seguidos), aproximou-se do primeiro lugar aproveitando vários deslizes dos adversários diretos. Para um e para outro, o primeiro de dois jogos grandes da 34.ª jornada do Campeonato era fundamental e a intensidade com que foi jogado valeu a pena. No final, ninguém se ficou a rir. Nem Roma, nem Inter. E até a Juventus podia sorrir mais do que na verdade ficou.

Inter goleia lanterna-vermelha e fica a seis pontos da líder Juventus

“É verdade que nunca conseguimos ganhar a equipas que estão acima de nós na tabela classificativa [Juventus, Inter, Atalanta e Lazio] mas fizemos boas exibições e criámos várias oportunidades, ficando próximos de vencer em alguns desses encontros. Teremos de puxar a equipa para a frente ao máximo para a defesa não descer. Conheço bem este Inter, o Antonio Conte é um excelente treinador, mas estudámos bem todas as situações e se o Lukaku for titular ou se começar no banco estaremos preparados”, destacou Paulo Fonseca, treinador português dos romanos que referiu ainda que “a equipa está num bom momento e que não é preciso mexer muito”. “A Roma é uma boa equipa, com excelentes jogadores e um bom treinador. Vai ser difícil para nós porque surge do jogo com a SPAL e vamos ter menos dias para recuperar”, lamentou o técnico do Inter, Antonio Conte.

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No final, o treinador português tinha tudo para vencer. Porque foi melhor, sobretudo na segunda parte, e porque merecia ganhar um balão extra de pontos na luta que está a travar com AC Milan e Nápoles pelo quinto lugar antes de disputar os oitavos da Liga Europa frente ao Sevilha. No entanto, Spinazzola, antigo lateral da Juventus, passou de herói no final da primeira parte a vilão no final do jogo, cometendo um penálti para os “apanhados” que ofereceu de bandeja o empate ao Inter (2-2) e deu menos ajuda à Vecchia Signora de Cristiano Ronaldo que, ainda assim, poderá ficar com oito pontos de avanço a quatro jornadas do final caso vença amanhã a Lazio.

Os visitantes começaram melhor, mesmo sem criar oportunidades mas a terem outra capacidade em posse num esquema bem definido com três centrais que dava profundidade à equipa através de Candreva e Ashley Young e que tinha na frente duas unidades mais móveis como Alexis Sánchez e Lautaro Martínez em vez de Lukaku, mais posicional, conhecendo sempre uma referência central em todo o jogo com e sem bola que muitas vezes parece passar ao lado mas que é fundamental para Antonio Conte: Brozovic. E esse ligeiro ascendente acabou por resultar em vantagem logo na primeira tentativa à baliza de Pau López, com De Vrij a atacar o espaço ao segundo poste da defesa à zona para desviar de cabeça um canto de Alexis Sánchez e inaugurar o marcador (15′), já depois de Mancini ter atirado ao lado também após um canto na sequência de uma má saída dos postes de Handanovic.

O golo deu outra confiança ao Inter mas, aos poucos, a Roma reencontrou o seu jogo, tentando fazer da força dos nerazzurri também a sua força ao explorar as subidas de Bruno Peres e Spinazzola mas quase sempre com os cruzamentos desenquadrados e com Dzeko a passar ao lado sem oportunidade de visar a baliza de Handanovic, que nem de bola parada foi ameaçado (o livre do especialista Kolarov em situação privilegiada ficou na barreira). O intervalo aproximava-se só com uma situação de perigo, com Brozovic a desviar na pequena área para as mãos de Pau López um passe atrasado de Ashley Young (27′), mas os visitados conseguiriam ainda empatar naquele que seria o último lance da primeira parte por Spinazzola, concluindo com um remate na área descaído sobre a esquerda uma jogada entre Mkhitaryan e Dzeko que começou com um toque de Kolarov no calcanhar de Lautaro Martínez a meio-campo que nem o árbitro nem o VAR consideraram ser passível de falta (45+1′).

No segundo tempo, Paulo Fonseca ganhou a batalha tática a Antonio Conte. E ganhou porque, de uma forma mais explícita, conseguiu colocar Mkhitaryan mais entre linhas no espaço que ficava entre a defesa e os médios Brozovic e Galliardini, ao mesmo tempo que subiu os médios para levarem mais bola até ao arménio ou desequilibrarem com entradas de trás, como aconteceu com Veretout logo a abrir, que obrigou Handanovic a defesa apertada. O Inter teve menos posse e menos qualidade com bola, criando apenas perigo através da exploração da profundidade como aconteceu num lance em que Lautaro Martínez marcou mas estava em posição irregular, e acabou mesmo por sofrer a reviravolta aos 57′, numa jogada entre Mkhitaryan e Dzeko concluída pelo médio ofensivo.

O Inter reagiu de forma quase imediata, lançando em campo Victor Moses e Biraghi para os corredores, Eriksen para dar mais construção do que Galliardini baixando um pouco Barella e Lukaku para oferecer outro peso ao ataque (abdicando de Lautaro Martínez e não Alexis Sánchez, aqui sem se perceber muito bem o porquê). No entanto, e na frente, a Roma conseguia saber gerir a vantagem com bola, deu pouca margem para a formação de Milão criar ocasiões mas acabou por cair como e onde menos se esperava: num lance em que estava sem pressão antes de demorar em demasia para afastar a bola, Spinazzola deu um toque com o pé esquerdo na bola, falhou o pontapé com o pé direito e acertou com toda a força em Moses, numa grande penalidade digna de figurar nos melhores momentos dos “apanhados” transformada por Lukaku a dois minutos do final.