A Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves recebe uma exposição alusiva à produção do último carro, a nível mundial, Citroën 2CV, saído da fábrica PSA em Mangualde, no dia 27 de julho de 1990.

“Este carro é como o Vinho do Porto, à medida que vai envelhecendo e distanciando-se no tempo ganha uma certa notoriedade e carinho pelos seus possuidores que o tratam sempre de forma impecável”, defendeu o presidente da Câmara Municipal de Mangualde.

Elísio Oliveira falava à agência Lusa a propósito da exposição “30 anos da Produção do 2CV em Mangualde”, que vai organizar, juntamente com a Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves, que acolhe a mostra, e o Clube 2CV Mangualde. “O último 2CV foi feito em Mangualde, em 27 de julho de 1990. É um carro mítico, tem uma rede de amigos em todo o mundo, tal como em Mangualde. E sendo um carro mítico, de projeção mundial, é também uma boa oportunidade para Mangualde”, considerou o presidente.

Neste sentido, o espólio que há um ano esteve no Museu dos Coches, em Lisboa, a propósito do centenário da Citroën, vai agora estar nesta cidade do distrito de Viseu até dia 7 de agosto. A exposição recebe ainda algumas peças cedidas pela PSA de Mangualde e pelo Clube 2CV local.

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Elísio Oliveira não escondeu à agência Lusa a ligação à viatura, já que do currículo profissional constam 30 anos da fábrica do Groupe PSA e teve “o privilégio de assistir à produção dos últimos 2CV”.

A fábrica da PSA em Mangualde começou a sua atividade em 1964, sendo que os primeiros carros fabricados em Mangualde foram exatamente, os 2CV. E foi também aqui que foram fabricados os últimos a nível mundial”, lembrou.

Assim, e “porque a pandemia de Covid-19 não permite outro tipo de comemorações”, vai haver alguns carros no largo da câmara e o salão nobre receberá “algumas pessoas, somente, porque a pandemia limita um pouco, mas uma data como esta não podia passar em branco”.

“Este carro ganhou o estatuto de carro mítico e isso dá-lhe outra dimensão na relação com as pessoas, tem uma relação com emoções, afetiva, como é o caso do 2CV e do ‘boca de sapo’, no caso da Citroën”, defendeu Elísio Oliveira, que destacou as duas rotundas existentes em Mangualde, onde estes dois modelos “estão monumentalizados”.

Um sentimento de afeto partilhado pelo dirigente do Clube 2CV Mangualde, que defendeu ser um modelo que “ou se gosta muito ou não se gosta”, até porque “é um carro com características diferentes de todos os outros, seja pelo seu trabalhar ou a sua ergonomia”.

“Estas datas fazem-nos sempre muita nostalgia, para quem gosta do carro, mas faz parte da história”, disse Gabriel Soares Lopes, que agrega no clube cerca de 80 membros que, “além da paixão ao 2CV, têm também a outros modelos míticos da Citroën, como a Dyane, o Mehari ou o DS, mas sempre ligados ao 2CV”. Ainda assim, acrescentou Gabriel Soares Lopes, “os que têm hoje um 2CV guardam-nos religiosamente”, porque “é um carro eterno, por causa das suas características e hoje é muito difícil encontrar um”. E “se alguém quiser vender um, já é de um preço altíssimo”.

Por causa da pandemia, as comemorações ficam limitadas à exposição e à sessão solene na autarquia, o que, no entender de Gabriel Soares Lopes, “já não deixa cair a data no esquecimento”.