O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, defendeu esta segunda-feira o uso da máscara de proteção contra a Covid-19 como um gesto “patriótico”, depois de ter permanecido durante muito tempo com uma posição ambígua sobre o tema.

Muita gente diz que é patriótico usar uma máscara quando é impossível distanciar-se socialmente. E não há ninguém mais patriótico do que eu”, escreveu Donald Trump na sua conta pessoal na rede social Twitter, numa publicação acompanhada de uma fotografia sua com uma máscara.

Segundo o Presidente norte-americano, há união “no esforço para vencer o invisível vírus chinês”, pode também ler-se na publicação que utiliza uma expressão que imputa à China responsabilidades na pandemia.

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No domingo, segundo a AFP, Donald Trump afirmou que não tencionava obrigar o uso de máscara a nível nacional para mitigar a pandemia, apesar do constante aumento diário de casos e de mortes nos Estados Unidos.

Em 11 de julho, o Presidente norte-americano usou, pela primeira vez em público, uma máscara de proteção, durante uma visita a um hospital militar dedicado à covid-19, nos subúrbios de Washington, onde se deslocou de helicóptero.

Quando deixou a Casa Branca, Donald Trump disse aos repórteres: “Quando se está num hospital, especialmente… Penso que é esperado que se use uma máscara”.

Trump estava a usar uma máscara no corredor do hospital, quando começou a sua visita, mas não a tinha quando saiu do helicóptero, nas instalações.

O Presidente não tinha usado máscara desde o início da pandemia nos Estados Unidos da América, que começou em março e já infetou mais de 3,7 milhões de pessoas e matou pelo menos 140.000 no país.

Os republicanos mais proeminentes, incluindo o vice-presidente, Mike Pence, foram apoiando e aderindo ao uso da máscara à medida que o novo coronavírus ganhava terreno.

Trump, contudo, recusou-se a usar máscara em conferências de imprensa de atualização de dados sobre a situação da pandemia no país, comícios e outros eventos públicos.

Pessoas próximas do Presidente dos EUA disseram à agência de notícias Associated Press que Trump receava que uma máscara o fizesse parecer fraco e que desviasse o foco para a crise de saúde pública e não para a recuperação económica.

Embora não usasse máscara, Trump enviou diferentes sinais sobre máscaras, reconhecendo que estas eram apropriadas se usadas num ambiente interior onde as pessoas estivessem próximas umas das outras.

Porém, o Presidente norte-americano acusou os repórteres de as usarem para serem politicamente corretos e publicou mensagens na plataforma Twitter a gozar com o democrata Joe Biden, por usar uma máscara e insistindo que o seu adversário parecia fraco.

O uso de máscaras tornou-se, assim, outra linha divisória na política norte-americana, com republicanos mais resistentes a usá-las do que os democratas.

Dois dias depois, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, virtual candidato democrata às eleições de novembro, afirmou que a crise da pandemia de Covid-19 é “tão má” que até o Presidente Donald Trump decidiu usar máscara em público. Biden pediu a Trump que, “por favor”, ouça os especialistas médicos.

“A situação é tão má que, inclusive, Donald Trump finalmente decidiu usar máscara em público. Alegro-me que tenha mudado [de opinião]. Mas, senhor Presidente, não é suficiente”, disse Biden num ato eleitoral no estado de Delaware.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 606 mil mortos e infetou mais de 14,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.