O Grupo BMW anunciou que contratou com a companhia de mineração marroquina Managem Group o fornecimento de “cobalto sustentável”, isto é, “extraído e processado ​​em condições eticamente responsáveis”, no valor de 100 milhões de euros, para o período de 2020 a 2025. O aprovisionamento, avança o conglomerado alemão, suprirá apenas “cerca de um quinto das suas necessidades” dessa matéria-prima.

Este acordo era esperado, na medida em que as duas empresas tinham assinado, em Janeiro de 2019, um memorando de entendimento que previa a compra directa de cobalto a Marrocos. “O cobalto é uma matéria-prima essencial para a mobilidade eléctrica”, realçou o membro do conselho de administração da BMW AG, responsável pela rede de compras e fornecedores, Andreas Wendt. Segundo ele, a expectativa do grupo é que as necessidades do conglomerado alemão, que integra também a Mini e a Rolls-Royce, “tripliquem até 2025”, sendo que a estimativa se refere apenas ao cobalto. Como o próprio Wendt assume, a procura pelas matérias-primas essenciais para a produção de baterias vai aumentar à medida que as gamas de modelos eléctricos ou electrificados dos diferentes construtores de automóveis se vão ampliando. No caso da BMW, o plano passa por ter 25 modelos electrificados até 2023, sendo “mais de metade deles totalmente eléctricos”.

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O objectivo parece ambicioso, atendendo a que, para além do i3, a BMW só começará a contar com mais um eléctrico, o iX3, no final de 2020, pois o SUV só começa a ser produzido na China, em Shenyang, em Setembro. De resto, há apenas a acrescentar à lista o Mini Cooper SE, fabricado em Oxford, o que totaliza três veículos puramente eléctricos em 2020, para uma meta de 13 (pelo menos) no espaço de três anos. Na calha, para 2021, estão previstos mais dois BEV, designadamente o iNEXT que vai sair de Dingolfing, e o i4, a ser fabricado em Munique. Ou seja, para cumprir as suas promessas, a BMW terá de colocar no mercado mais oito eléctricos entre 2022 e 2023.

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As baterias a que a BMW recorre são fabricadas pela CATL e pela Samsung SDI, duas companhias a que o conglomerado alemão vai passar a fornecer directamente o lítio e o cobalto necessários à produção das células para, assim, “garantir total transparência sobre a origem das matérias-primas”. Os restantes quatro quintos de cobalto para suprir as necessidades do grupo vêm da Austrália, com a marca a anunciar ainda que, a partir de 2021, as suas baterias vão prescindir de materiais raros, acabando com a “dependência” a eles associada.

À CATL está contratada a produção de células no valor de 7,3 mil milhões de euros, de 2020 a 2031, enquanto o volume da Samsung SDI se fica pelos 2,9 mil milhões, também até 2031. De resto, como “até 40% das emissões de um veículo totalmente eléctrico resultam da produção de células de bateria”, o Grupo BMW revela que, contratualmente, CATL e Samsung estão obrigadas a recorrer a “apenas energia verde” para produzirem as suas baterias.

De recordar que o Grupo BMW formou um consórcio com o fabricante sueco de baterias Northvolt e com a empresa belga de materiais para baterias Umicore, com o intuito de “criar uma cadeia de valor sustentável para células de bateria na Europa”, do desenvolvimento à produção e reciclagem.