A secretária de Estado do Turismo estimou esta terça-feira um impacto negativo superior a 50% nas receitas turísticas devido à pandemia de Covid-19 e apelou à resiliência do setor para fazer frente aos meses difíceis que se avizinham.

Para fazer a estimativa, Rita Marques socorreu-se dos dados divulgados na segunda-feira pelo Banco de Portugal, que indicam receitas “na ordem dos três mil milhões de euros” no setor até ao mês de maio, “47% abaixo das receitas acumuladas em maio de 2019”.

A nossa estimativa cifra-se em 50% a 60% de impacto negativo nas receitas turísticas, muito em linha, aliás, com as estimativas da Organização Mundial do Turismo e que justificam, também, a contração do PIB [Produto Interno Bruto], que, de alguma forma, já era esperada”, disse à agência Lusa a secretária de Estado, à margem da apresentação do programa Revive Natureza, em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.

A governante aproveitou para apelar à resiliência do setor turístico, mostrando-se convencida de que em 2021 será retomada a “trajetória de crescimento”.

Temos de ser resilientes, todos nós, para preservar o emprego, a nossa capacidade produtiva, porque todos estamos esperançosos que o turismo há de regressar em força e temos de ter uma oferta turística pronta para acolher todos aqueles que queriam visitar e conhecer Portugal. Estou convencida que em 2021 teremos esses sinais positivos também do mercado externo”, apontou Rita Marques.

Nesse sentido, a responsável pela pasta do Turismo no Ministério da Economia e da Transição Digital disse ter conhecimento das “recomendações por parte das associações empresariais e dos próprios empresários” no sentido de introduzir novas medidas que visem “a preservação dos postos de trabalho”.

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Dentro das várias propostas que ainda estão em análise, temos a extensão do mecanismo de ‘lay-off’, as próprias moratórias fiscais e as moratórias do crédito bancário. Todas essas medidas estão a ser avaliadas e em particular a oportunidade da sua manutenção e esforço são matérias que têm vindo a ser analisadas e em breve teremos, com certeza, uma conclusão”, referiu Rita Marques.

O turismo foi uma das áreas mais penalizadas pela pandemia de Covid-19 e pelo confinamento, que, desde março, paralisou setores inteiros da economia mundial.

De acordo com dados divulgados na terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP), o decréscimo acentuado de 2.060 milhões de euros do saldo da rubrica de viagens e turismo foi o principal responsável pelo saldo negativo de 2.496 milhões de euros das balanças corrente e de capital registado até maio.

Em consequência da forte recessão, o défice orçamental deverá chegar aos 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e a dívida pública aos 134,4%.

Portugal contabiliza pelo menos 1.697 mortos associados à Covid-19 em 48.898 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).