A semana até começou com as boas notícias sobre a vacina que está a ser desenvolvida em Oxford, mas o diretor do Wellcome Trust, Jeremy Farrar, já terá deixado claro junto do Comité de Saúde do parlamento britânico que o processo “não será feito até ao Natal”, impedindo o regresso à normalidade tão esperado. A somar a essa notícia mais desencorajadora acrescentou ainda um balde de água fria, afirmando que o mundo terá de conviver com a Covid-19 durante “décadas”.

É uma resposta às aspirações de Boris Johnson que anunciou na sexta-feira um plano que prevê a reabertura de mais atividades económicas e desportivas nas próximas semanas e o fim das limitações ao uso dos transportes públicos, tendo no horizonte voltar à normalidade no país antes do Natal deste ano.

Covid-19. Primeiro Ministro britânico espera regresso à normalidade antes do Natal

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Jeremy Farrar, citado na BBC, alertou para aquele que considera ser o cenário mais realista: a humanidade vai mesmo viver com a Covid-19 por “muitos, muitos anos daqui em diante”.

“Não estará tudo feito até ao Natal. A infeção não está a desaparecer, agora é uma infeção endémica humana”, disse, acrescentando ainda que mesmo que haja “uma vacina ou tratamento muito bom” a humanidade terá que viver com o vírus nas “próximas décadas”.

Um dos alertas que fez ainda questão de deixar foi para o desleixar em relação à pandemia durante a época de verão: “Se acharmos que já deixámos isto para trás das costas então teremos, sem dúvida nenhuma, uma segunda onda e podemos facilmente estar na mesma situação novamente”.

Vacina? É “pouco provável que tenha um efeito duradouro”

Já John Bell, da Universidade de Oxford, vem contrariar aquilo que uma investigadora britânica tinha dito perante a mesma câmara onde foi ouvido esta terça-feira Jeremy Farrar. Se Sarah Gilbert defendia, no início de julho, a eficácia da vacina durante “vários anos”, John Bell diz que é “pouco provável” que a Covid-19 alguma vez venha a ser eliminada, apesar das boas notícias que saíram de Oxford na segunda-feira.

“A realidade é que este agente patogénico está cá para sempre, não vai a lado nenhum”, afirmou citando o exemplo da poliomielite. “Vejam o problema que tiveram em eliminar, por exemplo, a poliomielite, o programa para a erradicação está a decorrer há 15 anos e ainda não chegaram lá”.

“Isto vai e vem e teremos invernos com o vírus em ação muito forte. É pouco provável que a vacina tenha um efeito duradouro que a faça durar muito tempo. Temos que ter um ciclo continuo de vacinação, com mais doenças e mais vacinas para mais doenças”, disse acrescentando que não considera “realista” a ideia de que seja possível eliminar a Covid-19 da população.