A Bugatti é, de longe, o fabricante de luxo do conglomerado alemão Volkswagen, podendo “dar-se ao luxo” de ter uma gama assente num modelo, o Chiron, do qual se comprometeu a não produzir mais de 500 unidades, cada uma delas com um preço na casa dos 2,7 milhões de euros à saída da fábrica. E o superdesportivo tem-se revelado essencial para alavancar a saúde financeira da marca francesa, que dele tem partido para propor uma série de modelos ainda mais exclusivos, em edições muito mais limitadas, o que lhe permite exigir em troca valores mais elevados. Resultado: só os seis descendentes do Chiron valem à volta de 40 milhões de euros.

Esqueça o castelo: quantos milhões estão na foto?

Enquanto alicerce comercial, o Chiron continua a fazer acelerar as contas do construtor de Molsheim que, em 2019, terá tido o seu melhor ano em termos de produção e de facturação, com margens superiores a 10%. Porém, essa entrada de dinheiro não acalma o receio gerado pela pandemia, com a marca a preferir focar-se em “manter a liquidez”, ao invés de avançar para investimentos em tempos de crise, de acordo com informações avançadas pela Automotive News.

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Há muito que se falava, pelo menos desde 2017, que nos planos da Bugatti estava lançar um modelo mais acessível. Chegou até a ser aventada a possibilidade de se tratar de um SUV, em linha com a lógica seguida pelas “irmãs” Lamborghini e Porsche. Mas o CEO da Bugatti, Stephan Winkelmann, tratou de esclarecer que isso não iria acontecer. A explicação teve o condão de acicatar a expectativa de que, então, o mais barato dos Bugatti seria uma berlina de luxo de quatro portas, proposta mais em consonância com o ADN da marca fundada por Ettore Bugatti.

Agora, Stephan Winkelmann deita um balde de água fria nas esperanças dos menos abastados, ao garantir que, neste clima de recessão, vai continuar tudo como está. Isto é, o Atelier mantém-se dedicado à construção artesanal do Chiron e seus derivados, sem que o Grupo Volkswagen arrisque investir no desenvolvimento deste segundo projecto da Bugatti. Até porque o conglomerado germânico está a canalizar dinheiro a rodos para a mobilidade eléctrica e para a digitalização, enquanto continua a ter de despender quantias generosas, ainda por causa do Dieselgate. Com a agravante de que, em 2021, é altura de fazer contas às emissões médias de CO2 em 2020 e a Volkswagen AG arrisca uma multa na ordem dos 4,5 milhões de euros, segundo uma estimativa da PA Consulting.

Neste clima de incerteza e com a Bugatti a afirmar que teme que, mesmo no nicho de mercado em que opera, a sua clientela se retraia, não há espaço para um novo “capricho”, que implicaria uma nova linha de produção, pois a meta seria elevar a produção anual do fabricante até às 500 unidades. Tão depressa não vai acontecer.