O investimento público para sair da crise provocada pela Covid-19 tem de ser feito numa nova economia, que tenha em conta as alterações climáticas e não “as petrolíferas e os bancos”, defenderam esta quarta-feira ativistas do grupo Climaximo.

Formada por jovens que lutam por “justiça ambiental e um planeta habitável”, a organização juntou-se esta quarta-feira em frente do Ministério do Ambiente, em Lisboa, para dizer que é preciso uma “alteração completamente sistémica”, que envolva, dos transportes à energia, ou a forma como produzimos alimentos e os consumimos.

Em frente do Ministério o ativista Manuel Araújo explicou à Lusa que a mensagem para o Governo é a de que é preciso “descontaminar a economia”.

Acreditamos que a estrutura económica e as relações sociais que temos hoje produzem várias viroses que não só o coronavírus, também a crise climática, o racismo, a pobreza, o desemprego, a precariedade, o patriarcado”, disse, explicando que esta semana os ativistas estão a promover iniciativas em todo o país, sempre para a alertar que é preciso “descontaminar a economia”.

O que os jovens não querem, salientou, é que esse investimento público sirva para resgatar “petrolíferas, bancos, e outros setores poluentes”, antes sirva para uma transição energética justa, requalificando trabalhadores, e para a saúde, a segurança social e o emprego estável.

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Manuel Araújo salientou que as metas do Acordo de Paris sobre o clima não estão ser cumpridas, e que ainda que o estivessem eram insuficientes, e disse que o discurso em Portugal é o de apontar o dedo ao que se faz de bem, esquecendo que é muito mais o que falta fazer para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa.

O facto é que temos 10 anos para fazer um corte de 50% das emissões”, pelo que é preciso a tal alteração “completamente radical”, porque se está agora “a decidir o futuro dos próximos 10 mil anos da humanidade”.

Em frente do Ministério do Ambiente os jovens colocaram dois grandes cartazes, um com as palavras “Novo Normal, Justiça Social” e outro com a frase “Vossos Lucros, Nossos Direitos”.

E defenderam que é preciso “enterrar o capitalismo com os combustíveis fósseis”, que a agenda económica do Governo não pode seguir em frente, que é preciso “uma nova economia”.

Daqui para a frente não daremos tréguas a todos os responsáveis pela economia. Exigimos uma economia para as pessoas”, disseram também.

Numa ação surpresa um grupo de jovens da Climaximo entrou também esta tarde precisamente no Ministério da Economia, alegando que iam proceder à descontaminação.

Segundo informação prestada à Lusa os jovens colocaram duas faixas na entrada do Ministério, uma a dizer “Em Descontaminação” e outra “Economia Tóxica”, e entraram nas instalações com um “contrato” para ser assinado pelo ministro da Economia, Pedro Siza, e pela Climaximo, que prestaria o serviço de descontaminação.

A pretensão dos jovens “foi interrompida com hostilidade”, disseram em comunicado.

No comunicado explicam ainda que o “contrato” exige a nacionalização de empresas de transportes e de produção e transporte de energia, redução drástica do transporte aéreo, e a criação de uma indústria nacional para o cumprimento das metas climáticas, como de produção de painéis solares ou de carruagens de comboios.

Justiça Climática precisa-se, e para isso um Ministério da Economia que não seja um mero espetador é imperativo”, dizem os jovens no comunicado, a mesma ideia que também partilharam em relação ao Ministério do Ambiente, que, afirmam, se transformou “numa agência de negócios para quem pretende lucrar”.

As ações da Climaximo continuam esta semana, com vigílias e concentrações em vários locais do país.