O líder do CDS-PP defendeu esta quarta-feira em Vale de Cambra que parte dos fundos europeus destinados à recuperação económica do país no contexto pandémico deve ser aplicada em linhas de crédito empresarial com parcelas a fundo perdido.

Francisco Rodrigues dos Santos abordou o tema numa visita à empresa de automação industrial Tecnocon, que, a partir do distrito de Aveiro, exporta 60% da sua produção para mais de 40 países, enfrentando atualmente grandes dificuldades no transporte de equipamentos e na deslocação internacional de técnicos que possam instalar esses mecanismos no estrangeiro.

Apontando essa fábrica como exemplo dos setores que o Governo deve apoiar, por envolverem “tecnologia de ponta de última geração” e recorrerem à “mão-de-obra de jovens altamente qualificados”, o presidente dos populares afirmou que os 45 mil milhões de euros atribuídos esta semana a Portugal pela União Europeia são um apoio “crucial para dar oxigénio às empresas e salvar postos de trabalho”.

Nessa perspetiva, reivindicou ao Governo “um quadro administrativo e tributário capaz de dar músculo a quem quer investir em Portugal, com uma baixa de impostos significativa para empresas e serviços como os do turismo e restauração”, e pediu também “linhas de crédito que sejam atribuídas às empresas com uma percentagem a fundo perdido”.

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Se a essas medidas se acrescentar “(a prorrogação do regime de) layoff simplificado até final do ano, a criação de um mecanismo de acerto de contas para que o Estado pague a tempo e horas o que deve às empresas e a eliminação dos pagamentos por conta”, Francisco Rodrigues dos Santos acredita que se cumprirá “a estratégia de patriotismo económico” defendida pelo seu partido e se concretizará “uma aposta radical nos setores produtivos” do país.

“Estaremos a dinamizar muito o nosso tecido económico e empresarial, assim como os nossos pequenos e micro empresários, e a decalcar uma estratégia que o CDS tem defendido desde o início para ajudar aqueles que, neste momento, estão a passar dificuldades”, argumenta.

Afirmando que só será possível avaliar a adequação das verbas europeias à realidade portuguesa depois de se conhecer o critério de distribuição desses fundos e se apurar “onde é que o dinheiro vai ser investido”, o líder popular avisa: “O que esperamos por parte do governo socialista é que, no plano de relançamento para a nossa economia e no programa de emergência social, fale menos de investimento público e mais de investimento privado, menos de empresas públicas e mais de empresas privadas, menos de distribuição de rendimentos e mais de crescimento e competitividade – e que não se furte às grandes reformas estruturais”.

Paralelamente, o CDS espera ainda ver valorizado o Serviço Nacional de Saúde e repensado o sistema de ensino. “A grande questão que se coloca neste momento às famílias e aos agrupamentos escolares prende-se com a incerteza e o receio, porque ainda ninguém percebeu como se vai operacionalizar o regresso às aulas no quadro pandémico”, observa Francisco Rodrigues dos Santos, recomendando “uma diluição dos alunos” pela rede pública e privada, e ainda “liberdade de escolha” quanto ao regime de presença nas aulas.

“Deve-se dar às famílias a faculdade de escolher se querem ter aulas presenciais ou à distância, sendo certo que, para isso, é preciso garantir que todos os alunos tenham equipamento para assistir às aulas diretamente a partir de casa”, conclui.