O Presidente da República visitou esta terça-feira a família de André Pedrosa e a corporação de bombeiros de Monte Redondo, farda que vestia quando morreu, no sábado, num incêndio em Leiria.

Vindo de Madrid, onde almoçou com o rei de Espanha, Felipe VI, Marcelo Rebelo de Sousa aterrou esta terça-feira à tarde na Base Aérea n.º 5 de Monte Real, em Leiria, para visitar a família do bombeiro falecido.

O chefe de Estado esteve com a mulher e com a mãe de André Pedrosa, assim como a filha, nascida há cerca de uma semana, uma vez que não poderá estar presente no funeral, que se realiza esta quarta-feira, justificou.

Depois de estar com a família e amigos do bombeiro de 33 anos, que morreu durante a fase de vigilância ao incêndio no Arrabal, em Leiria, no sábado, o Presidente da República dirigiu-se à corporação de Monte Redondo, uma secção dos Bombeiros Voluntários de Leiria, onde André Pedrosa prestava serviço.

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Aquilo que vos queria dizer é um pouco o que disse à mãe e à esposa do André. Agora, é preciso olhar para o futuro. Às vezes, há destas coisas estranhas que não sabemos explicar, que é a vida aparecer ligada à morte. A vida, que é o nascimento de uma criança tão desejada ligada no tempo, com a distância de quatro dias, da partida inesperada do André”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos bombeiros que o receberam na corporação de Monte Redondo.

O chefe de Estado considerou necessário “homenagear o André” e a “melhor homenagem que se pode fazer a quem partiu cedo demais é olhar para o futuro”.

Assim como a família que vai olhar para o futuro daquela criança e vai fazer aquilo que seria o que o André quereria que fosse feito, no que diz respeito a vocês é olhar para o futuro e fazer aquilo que, tenho a certeza, que o André quereria que fosse feito: manter o espírito de unidade, manter o amor a esta corporação, manter o compromisso de serviço e reforçá-lo cada dia mais do que o anterior ao serviço dos outros”, sublinhou.

Num primeiro momento, “como é natural, há aquele choque, aquele desgosto, aquela prostração, aquele sentimento de ausência, de perda, alguém que ainda há pouco estava connosco e de repente deixou de estar e deixou um lugar vazio enorme na nossa vida e no nosso coração”, acrescentou.

Lendo em voz alta a mensagem escrita num cartaz preso a um carro de bombeiros que dizia: ‘o André nasceu connosco e continuará connosco. Até sempre ‘gordito'”, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que a “forma de estarem com o André é estarem ao serviço dos outros com mais coragem, mais persistência, mais teimosia, mais dedicação e entusiasmo”.

É isso que espero amanhã, no silêncio da cerimónia e do velório. Que cada um diga para consigo mesmo: ‘podes contar comigo que vou fazer por mim e por ti’. Não vou fazer sozinho, vamos fazer todos em conjunto”, reforçou.

Considerando que o “André enquanto pessoa é insubstituível”, porque “todos somos diferentes”, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que o “papel que ele desempenhava tem de ser preenchido por todos” os bombeiros de Monte Redondo.

O Presidente da República prometeu voltar a visitar a família e a corporação dentro de seis meses. “Quero ver como cresceu a criança que tem seis, sete ou oito dias, e como cresceu a vossa resistência. Como aguentaram, como superaram e como é que reforçaram a vossa unidade”.

Já Gonçalo Lopes, presidente do Município de Leiria, anunciou que a filha de André Pedrosa “será a mascote” do quartel e irá preparar uma forma de angariar fundos para ajudar na educação da criança.

A filha do André Pedrosa será uma de nós. Vamos fazer tudo o que for possível para ajudar no que for preciso. A filha, a mulher e a mãe do André vão contar com o nosso apoio incondicional. O André vai continuar sempre connosco”, disse à Lusa um dos bombeiros da corporação, Bruno Pereira.