I’m forever blowing bubbles,
Pretty bubbles in the air.
They fly so high,
They reach the sky,
Then like my dreams,
They fade and die.
Fortune’s always hiding,
I’ve looked everywhere,
I’m forever blowing bubbles,
Pretty bubbles in the air.

A entrada no Estádio Olímpico de Londres, hoje já com menos 20 mil pessoas de lotação comparando com aquela massa adepta ávida de heróis que adotou o jamaicano Usain Bolt como filho pródigo nos Jogos Olímpicos de 2012, tem ainda hoje a “I’m Forever Blowing Bubbles” a ecoar no momento das entradas das equipas. No entanto, não é a mesma coisa em relação ao peso que tinha em Upton Park, que foi o recinto do West Ham por mais de um século, entre 1904 e 2016. Nada foi a mesma coisa em termos de ambiente – aliás, não é por acaso que o clube vai fazer obras para tornar o estádio mais “football friendly”, como explica a BBC. Os resultados, idem: após a sétima posição em 2015/16, os londrinos reentraram na espiral da fuga à despromoção, como esta época.

A temporada começou com Manuel Pellegrini, que já passou por Real Madrid ou Manchester City, e termina com David Moyes, que orientou Everton ou Manchester United. Os treinadores, como se percebe, não são problema. E tem na equipa nomes como Fabianski, Roberto, Yarmolenko, Wilshere, Michail Antonio, Felipe Anderson ou Mark Noble. Os jogadores, como se percebe, também não são problema. Por qualquer razão o West Ham entrou numa “bolha” à parte onde não consegue mais do que fugir à descida quando tinha todas as condições para aspirar a um lugar estável a meio da tabela e que permitisse com um pouco mais de fôlego lugar por uma posição europeia. As duas vitórias seguidas com Norwich e Watford colocaram a equipa praticamente a salvo até pela derrota já nesta penúltima jornada do Watford frente ao Manchester City mas o filme foi o do costume.

O Manchester United quis ser Golias mas o nome de De Gea é David — e o Chelsea está na final da Taça de Inglaterra

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Mas estar numa “bolha” não tem necessariamente de ser algo mau e Bruno Fernandes é exemplo paradigmático disso mesmo. Apesar de ter sofrido a primeira derrota desde que chegou ao Manchester United no final de janeiro, na meia-final da Taça de Inglaterra frente ao Chelsea (onde voltou a marcar, de grande penalidade), o médio está na sua “bolha” a distribuir jogo e a brilhar como se andasse pela Premier League há vários anos. Joga, faz jogar. Marca, dá a marcar. E é também destacado até pela forma como lida com o desaire, como aconteceu domingo.

“Não éramos os melhores jogadores antes mas também não somos os piores jogadores agora. Estamos muito tristes pelo resultado e por termos perdido a possibilidade de ganhar a Taça de Inglaterra, algo que tínhamos esperança de conquistar. Agora é tempo de reunir forças e atingir o nosso objetivo na Premier League”, escreveu o internacional nas redes sociais, entre elogios que recebe na imprensa, de companheiros e até de ex-jogadores.

“É um grande jogador. Acho que temos de agradecer estar connosco. Tem muita qualidade nas pernas e dá algo extra à nossa equipa. Vai ser um jogador muito importante no futuro do Manchester United. Tentamos ter uma boa ligação no relvado, especialmente porque quando recuperamos a bola temos de descobrir os jogadores na frente o mais rapidamente possível. As coisas têm corrido bem”, comentou o antigo médio do Benfica Matic à Sky Sports. “Dizia-se que o United pagou demasiado por ele… Devem estar a brincar! Foi uma pechincha. O Cantona foi o catalisador de muito daquilo que o United conquistou, a mentalidade dele mudou o balneário da equipa, e o Bruno está a fazer o mesmo. Está com eles há poucos meses mas já é o patrão. Veja-se como jogam Martial e Rashford desde que chegou, o mesmo com Pogba. Alex Ferguson iria adorar trabalhar com ele”, disse David May, ex-defesa dos red devils durante quase uma década que ganhou uma Champions entre sete títulos.

De regresso às opções habituais à exceção de Luke Shaw (e de certa forma Wan-Bissaka, que começou no banco em vez de Fosu-Mensah), devolvendo a titularidade a Pogba, Greenwood ou Martial, o Manchester United teve alguns remates com perigo à baliza de Fabianski (o primeiro logo no segundo minuto de Martial após grande passe de Bruno Fernandes nas costas da defesa contrária) mas nunca conseguiu ter a capacidade habitual no plano ofensivo também pela forma como o meio-campo do West Ham foi conseguindo condicionar as zonas de construção onde andava o português e Pogba. Mais do que isso, os comandados de David Moyes mostraram alguma capacidade de saída tendo sempre Michail Antonio como referência, chegando mesmo ao intervalo em vantagem num penálti do avançado inglês após corte com o braço de Pogba na área depois de um remate de Declan Rice (45+2′).

A reação, essa, não demorou. E num lance que passou pelos médios Pogba e Bruno Fernandes antes de entrar no último terço, Greenwood e Martial tiveram uma jogada fantástica, daquelas que Jorge Jesus nos treinos gosta de dizer que parece bilhar, a trocar a bola entre si ao primeiro toque entre cinco e depois seis adversários até ao tiro sem hipóteses de pé esquerdo do avançado inglês de 18 anos que está cada vez mais um caso sério não só nesta equipa mas na própria Premier League e, em breve, na seleção inglesa (uma nota de rodapé: olhando para a quantidade, para a qualidade e para a idade do lote de jogadores à disposição de Southgate, a Inglaterra promete ser um caso sério nos próximos largos anos, sobretudo olhando do meio-campo para a frente…).

Tudo apontava para que os visitados partissem para a reviravolta mas foi o West Ham que teve depois os lances de maior perigo, com De Gea a ter uma grande defesa a “remediar” os erros da Taça e Rice a rematar a rasar o poste. De Bruno Fernandes, ficou um lance em que viu amarelo e em que o VAR esteve a analisar se haveria lugar a algo mais após um desentendimento com Masuaku e pouco mais (81′). A forma como Soucek, Noble e Rice conseguiram colocar o português num triângulo sem saída acabou por ser a chave em termos defensivos de um empate justo, que garante ao West Ham a permanência em termos matemáticos e que deixa tudo adiado para o Manchester United, que poderia isolar-se no terceiro lugar à condição antes do Liverpool-Chelsea mas que agora, na última jornada, não pode perder com o Leicester para continuar a depender apenas de si para ir à Champions.