Lisboa, 24 jul 2020 (Lusa) — Mais de metade dos comboios programados circularam até às 08:00, apesar da greve dos trabalhadores de bilheteiras e revisores da CP, para a qual foram decretados serviços mínimos que estão a ser cumpridos, informou a empresa.

Em comunicado, a CP – Comboios de Portugal diz que as ligações mais afetadas estão a ser as de longo curso e regionais.

Segundo a empresa, entre as 00:00 e as 08:00 realizaram-se 58% das circulações programadas, o que significa que de um total de 252 ligações programadas se cumpriram 147.

Os serviços mínimos decretados “estão a ser cumpridos e realizados alguns comboios adicionais”, diz a CP, que acrescenta que os mínimos previstos definiam 124 comboios.

Ao início da manhã, o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) tinha dito que a adesão dos trabalhadores à greve desta sexta-feira era total e que, uma vez que estavam decretados serviços mínimos, apenas estavam previstos 25% dos comboios.

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Adesão à greve dos revisores da CP é total, no entanto serviços mínimos estão assegurados

Com a greve nacional de 24 horas, os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP – Comboios de Portugal pretendem exigir a retirada da proposta de regulamento de carreiras apresentada pela empresa, que consideram “humilhante”.

“A proposta de regulamento de carreiras que a empresa apresentou na quinta-feira da semana passada [dia 02 de julho] é humilhante para os trabalhadores do comercial e é inaceitável. Nesse sentido, os trabalhadores querem que a empresa retire esta proposta da mesa negocial”, afirmou, na altura, o presidente do sindicato.

Segundo disse o dirigente sindical Luís Bravo, os trabalhadores “não aceitam” a pretendida “extinção, por fusão, das categorias de revisor e de operador de venda e controlo da bilheteira”, considerando que se “mistura o conteúdo funcional das categorias, quando um trabalhador itinerante não tem nada a ver com um trabalhador fixo de uma bilheteira ou vice-versa”.

“O que nos apresentam é uma polivalência total que não se compreende e que os trabalhadores rejeitam por completo”, sustentou.

Também “inaceitável” para o sindicato é “a extinção de carreiras para onde os trabalhadores podiam progredir, como técnico comercial 1 e 2”.

Contudo, a CP já veio dizer hoje de manhã que a proposta apresentada era “um ponto de partida” para negociação, lamentando a posição “de conflito” assumida pelo sindicato, convocando greves sucessivas “numa altura crítica para a empresa”.

“Foi com estranheza que a CP foi confrontada com vários pré-avisos de greve, invocando como razão principal para estas greves a discordância face à referida proposta negocial. Discordância essa que não foi manifestada previamente a esta tomada de posição”, afirma a empresa, em comunicado.

A empresa explica que, ao contrário do que invoca o SFRCI, não pretende “extinguir as categorias de Operador de Revisão e Venda e Operador de Venda e Controlo”.

“O documento inicial propõe apenas a fusão das duas categorias numa única categoria, de Operador Comercial, uma vez que já hoje desempenham exatamente as mesmas funções, mantendo as especializações atualmente existentes na área de Revisão e Venda e Venda e Controlo”, acrescenta.

Aos clientes que já tenham bilhetes para viajar em comboios que sejam suprimidos, a CP permitirá o reembolso no valor total do bilhete adquirido, ou a sua revalidação, sem custos.

A empresa recomenda que os clientes procurem informação atualizada no seu ‘site’, na proximidade da viagem, uma vez que foram decretados serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral, nomeado pelo Conselho Económico e Social.