Mahamadou Issoufou, Presidente da Nigéria e atual líder da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), anunciou esta quinta-feira uma reunião extraordinária entre os países da África Ocidental, na segunda-feira, depois de um dia de conversações que não levaram a soluções para resolver a crise no Mali.

Decidimos informar que todos os chefes de Estado da CEDEAO participarão na reunião extraordinária convocada para segunda-feira [27 de julho]”, disse Mahamadou Issoufou, citado pela agência France-Presse (AFP).

O chefe de Estado nigeriano acrescentou que serão adotadas “medidas fortes de apoio ao Mali” durante esta reunião, que decorrerá por videoconferência.

As medidas que visam ajudar o Mali a sair da crise em que mergulhou deveriam ter sido encontradas na reunião que decorreu esta quinta-feira em Bamako, capital do país, mas as conversações não surtiram efeitos práticos.

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A CEDEAO já tinha emitido recomendações, apelando para a criação urgente de um governo e um novo Tribunal Constitucional que examine prioritariamente os resultados das últimas eleições legislativas, considerando que este sufrágio desencadeou a atual crise que o país vive.

Mesmo antes destas recomendações terem sido tornadas públicas, no domingo, os líderes do M5-RFP (Movimento 5 de Junho), uma aliança heterogénea de chefes religiosos e figuras de destaque do mundo político e da sociedade civil, que estão por detrás dos protestos antigovernamentais e que exigem a saída do Presidente, Ibrahim Boubacar Keita, como uma prioridade, disseram que se recusavam a apoiar estas propostas.

Falta agora saber se o movimento de oposição vai continuar com os protestos nas ruas, depois de, na sexta-feira, ter decidido suspendê-los, após os graves incidentes de há uma semana, que fizeram 11 mortos, segundo o Governo, e mais de cem feridos. A missão das Nações Unidas no país (Minusma) fala em 14 manifestantes mortos e o M5-RFP sobe para 23.

A capital, Bamako, é normalmente poupada à violência fundamentalista e intercomunitária que atinge o norte e o centro do Mali. Contudo, tem assistido a um aumento da agressividade desde as disputadas eleições legislativas de março/abril.

Multidões atacaram o parlamento e a televisão nacional, as ruas foram barricadas e vários bairros foram palco de saques e confrontos entre manifestantes, com pedras, e forças de segurança, que dispararam munições.

O M5-RFP – iniciado nos protestos de rua que começaram em 5 de junho – canaliza múltiplos e profundos descontentamentos contra a deterioração da segurança e a incapacidade do Governo em lidar com esta, a estagnação económica e social, o fracasso do Estado, ou o descrédito generalizado das instituições, suspeitas de corrupção.

Portugal tem desde 1 de julho uma Força Nacional Destacada no Mali, no âmbito da Minusma, que inclui 63 militares da Força Aérea Portuguesa e um avião de transporte C-295.

O objetivo da missão portuguesa é assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas e vigilância aérea, e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamako, onde estão alojados os militares portugueses.