A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) está envolvida na missão chinesa que vai explorar Marte, indicou à agência Lusa a instituição, após Pequim lançar na quinta-feira uma sonda para pousar no planeta vermelho.

Neste momento, o laboratório para a Ciência Popular e Planetária na universidade tem em mãos 11 projetos de investigação em Marte, concluídos ou em desenvolvimento, e vai continuar envolvido nos trabalhos de exploração relacionados com a exploração do planeta, espaço e vida extraterrestre, avançou a universidade numa nota enviada à Lusa.

“A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau desempenhou um papel importante na primeira missão de exploração de Marte na China“, salientou a instituição, no mesmo dia em que Pequim lançou “com total sucesso” a sonda “Tianwen-1” (“Questões para o Céu”, em chinês), lançada pelo foguete Longa Marcha-5, a partir da ilha tropical de Hainan, no extremo sul do país.

China lança com sucesso a sua primeira missão a Marte

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Os investigadores da MUST de Macau participaram “profundamente no trabalho de pesquisa científica da primeira missão de exploração de Marte da China” e são “responsáveis pelo desenvolvimento, produção, processamento de dados e análise da sonda de telemetria separável do Subsistema de Medição de Engenharia Mars Orbiter”.

“O Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária na universidade é o primeiro laboratório da China na área da astronomia e ciência planetária”, sublinhou a MUST, com o diretor do laboratório da universidade a acrescentar que atualmente existem “11 projetos de investigação sobre Marte concluídos e em desenvolvimento”.

A mesma instituição referiu que o laboratório vai continuar envolvido nos trabalhos sobre a estrutura interna de Marte, as reservas de água congelada, ambiente à superfície e espacial, bem como investigação sobre vida extraterrestre.

Os investigadores da universidade trabalharam na topografia e geomorfologia de Marte. E uma série de investigações foram conduzidas sobre exploração, astrobiologia, radiação, atmosfera e poeira [formada por tempestades de areia], estrutura interna, campo magnético e ambiente espacial.

Em particular, sublinhou a MUST, a investigação sobre a atmosfera marciana e o clima assolado pela poeira é de grande importância para garantir a exploração segura do veículo espacial marciano.

A MUST conta desde o final de 2019 com um Centro de Ciência e Exploração Espacial da Administração Espacial Nacional, no âmbito de um acordo de cooperação de desenvolvimento científico e tecnológico assinado em dezembro de 2019 entre aquela entidade chinesa e o governo de Macau. Um ano antes, o Ministério da Ciência e Tecnologia já tinha aprovado o estabelecimento do Laboratório Estatal de Ciências Lunares e Planetárias.

A China lançou na quinta-feira a sua mais ambiciosa missão a Marte, numa tentativa de pousar com sucesso uma sonda no planeta vermelho, feito alcançado apenas pelos Estados Unidos até à data. Esta não é a primeira vez que a China tenta ir a Marte. Em 2011, com os russos, uma sonda acabou por arder na atmosfera. Desta vez, a China lançou na mesma missão uma sonda orbital e uma de exploração do terreno.

O programa espacial da China desenvolveu-se rapidamente nas últimas décadas. Yang Liwei tornou-se, em 2003, o primeiro astronauta chinês e, no ano passado, a Chang’e-4 na primeira nave a pousar no lado da lua não visível a partir da terra.

Aterrar em Marte é particularmente difícil. Apenas os EUA pousaram com sucesso uma nave em solo marciano, num feito alcançado por oito vezes, desde 1976. Os veículos espaciais InSight e Curiosity da NASA continuam a operar até hoje.

Seis outras naves espaciais estão a explorar Marte a partir da órbita do planeta: três norte-americanas, duas europeias e uma da Índia. Se tudo correr bem, a sonda chinesa, movida a energia solar, do tamanho de um carrinho de golfe de 240 quilogramas, vai operar durante cerca de três meses.

O caminho da China para Marte deparou-se com alguns entraves: o lançamento do foguete Longa Marcha 5, marcado para o início deste ano, acabou por falhar. E a pandemia do novo coronavírus forçou também os cientistas a trabalharem a partir de casa.

Enquanto a China se está a juntar aos EUA, Rússia e Europa na criação de um sistema de navegação global por satélite, especialistas dizem que o país não está a tentar superar a liderança dos EUA na exploração espacial, mas antes numa “corrida lenta” com o Japão e a Índia para se estabelecer como potência espacial da Ásia.