Cerca de 60 vendedores da Feira da Ladra exigiram este sábado a reabertura do espaço e manifestaram desagrado por a Câmara Municipal de Lisboa não autorizar o seu funcionamento, nem apresentar explicações para a decisão.

Os feirantes que participaram no protesto simbólico, que decorreu durante a manhã, até cerca das 11h00, tencionavam montar as bancadas sem artigos, no Largo do Campo de Santa Clara, com as devidas medidas de segurança e proteção contra a covid-19, mas a Polícia Municipal não autorizou.

Em declarações à agência Lusa, a porta-voz dos feirantes, Sandra Raposo, disse que a autarquia enviou para o local efetivos da Polícia Municipal para não deixarem “montar as bancadas vazias” e, em alternativa, foram “colocados panos no chão”. Os cerca de 60 dos 320 feirantes que marcaram presença no protesto, sublinharam que apenas querem “trabalhar” e fazer negócio naquele espaço, como acontecia antes da pandemia, referiu.

Segundo Sandra Raposo, os comerciantes pedem ao município que reabra a Feira da Ladra porque existem “condições de segurança para o fazer” e que aplique a isenção das taxas de ocupação, pelo facto de não estarem a trabalhar.

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Se não estamos a trabalhar por que é que temos que estar a pagar taxas de ocupação? Sem receitas, como é que as pessoas podem fazer o pagamento das taxas de ocupação, se este é o único rendimento? É impossível”, disse, indicando que em seis meses foram realizadas seis feiras.

Adiantou ainda que os vendedores não compreendem a atitude e a falta de informação da autarquia de Lisboa sobre o assunto, alegando que os seus responsáveis “sabem perfeitamente que as pessoas” que ali vendem têm na atividade “a única receita”.

“E quando falamos em 320 vendedores isso significa cerca de 900 ou 1.000 pessoas dependentes da Feira da Ladra, que já estão mesmo no limite da pobreza e sem alimentos na mesa. O que é que a Câmara pretende com isso. Já nos leva a desconfiar que há outra coisa por trás. Reduzir o número de feirantes? Só vão sobreviver aqueles que vão conseguir pagar? Porquê?”, declarou.

E acrescentou: “É todo esse mistério envolvente neste processo que nós queremos desvendar e queremos que a Câmara nos explique o porquê disto tudo? Porque não faz sentido”.

Sandra Raposo apontou que o município reduziu as rendas nos mercados da Ribeira e de Campo de Ourique e isentou os vendedores das taxas de ocupação, quando os da Feira da Ladra continuam a ser taxados.

Uma situação que, segundo os lesados “não faz sentido algum” e é “impossível” de comportar. Para obterem respostas do município, os feirantes agendaram novos protestos para segunda e terça-feira. Na segunda-feira vão estar junto à Assembleia da República, das 10h00 às 14h00, e, na terça-feira, pretendem estar novamente na Feira da Ladra, das 08h00 às 14h00.

“O nosso protesto vai continuar até termos respostas ou, pelo menos, nos isentarem das taxas de ocupação”, finalizou a porta-voz dos feirantes da Feira da Ladra.

Em 25 de junho, as feiras na Área Metropolitana de Lisboa foram canceladas na sequência da evolução do surto da covid-19 na região.