A análise constante de novos modelos, lançados no mercado a um ritmo cada vez mais frenético, por vezes, torna difícil apercebermo-nos da evolução que registam os veículos que adquirimos. A Seat desafiou-nos a realizar uma experiência, tornada actual pelo facto de estar a lançar agora o novo Leon Sportstourer, um sucessor do Seat 1430 5-portas que o construtor espanhol apresentou em 1970. E as diferenças não podiam ser mais evidentes, ou esmagadoras.

Tal como hoje, as carrinhas de há meio século visavam satisfazer os clientes em busca de maior versatilidade. Pelo menos, em comparação com as berlinas tradicionais, com quatro portas e três volumes. A funcionalidade estava lá toda, mas o conjunto, sob o ponto de vista estético, deixava algo a desejar, uma vez que as carrinhas eram bastante menos apetecíveis do que as berlinas que lhes davam origem. Ao contrário do que acontece hoje, em que as carrinhas são tão atraentes – ou mais, na maioria das vezes – como as berlinas.

As preocupações aerodinâmicas não existiam, pelo menos neste segmento, tanto mais que a velocidade máxima alcançada tão pouco provocava grandes preocupações. Isto explica a frente vertical, o que em parte também se devia à tecnologia dos faróis de iluminação, que agora torna possível soluções mais pequenas e esguias.

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Se a frente mudou radicalmente, a traseira não lhe ficou atrás, em parte porque na segunda metade do século passado as carrinhas tinham o portão traseiro vertical ou ligeiramente inclinado, mas sempre preocupadas em maximizar o espaço interior. Hoje a estratégia é distinta, com o Seat Leon Sportstourer a privilegiar a volumetria interior, mas sem abrir mão de uma estética mais atraente.

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Depois há o facto de os automóveis de um mesmo segmento estarem cada vez maiores. Face ao Seat 1430 5-portas, o novo Leon Sportstourer usufrui de um comprimento superior em 60 cm em relação ao seu antepassado de há 50 anos. Isto significa que não só o Seat 1430 5-portas é inferior ao actual Leon Sportstourer, como é igualmente mais pequeno do que os Seat Arona e Ibiza. Depois, as carrinhas há 50 anos eram tão compridas como as berlinas, pois o aparelho produtivo era substancialmente menos versátil, mais uma vez ao contrário do que é vulgar hoje, com o Leon carrinha a ter mais 27 cm do que a berlina.

Mas talvez a evolução mais importante seja a nível da mecânica. Há 50 anos, o Seat 1430 extraia 70 cv de um motor com quatro cilindros e 1438 cc (mais para o final da vida do modelo surgiu uma versão com 75 cv), obviamente atmosférico, valor que hoje se consegue atingir a partir de um 1.0 com apenas três cilindros. Comparativamente com o Seat 1430, o novo Leon Sportstourer oferece um motor com uma capacidade similar, com 1498 cc, com turbocompressor, funcionando sob o ciclo Miller para reduzir o consumo e, ainda assim, usufruir de 130 cv. O mais notável é que o motor do Seat moderno consegue um consumo de seis litros de gasolina, cerca de metade do que o motor do 1430 necessitava. E se juntarmos quase o dobro da potência e metade do consumo, torna-se evidente o progresso. Considerando soluções mild hybrid, híbridas ou híbridas plug-in, então, a evolução é ainda mais flagrante.