A Organização Mundial de Saúde (OMS) vai voltar a convocar esta semana o seu comité de emergência para avaliar o estado da pandemia da Covid-19, afirmou esta segunda-feira o diretor-geral daquela agência das Nações Unidas.

Tedros Ghebreyesus referiu que seis meses depois de a OMS ter declarado o novo coronavírus como emergência de saúde pública internacional, o contágio “continua a acelerar”.

A 30 de janeiro, foi pela sexta vez declarada “uma emergência sanitária global ao abrigo do regulamento internacional de saúde, mas esta é de longe a mais grave”, admitiu.

“Como exigido pelo regulamento, voltarei a convocar o comité de emergência esta semana para reavaliar a pandemia”, indicou, referindo que quase 16 milhões de infeções foram comunicadas à OMS e que mais de 640 mil pessoas morreram com Covid-19.

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Nas últimas seis semanas, o número global de casos duplicou, salientou numa conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, na sede da organização, em Genebra.

Os principais responsáveis da OMS referiram que o retrato global da pandemia é um mosaico variado, com países em estado de transmissão intensa, outros com ressurgimentos da transmissão comunitária, geralmente à volta de situações em que há “pessoas juntas em ambientes fechados”, como referiu a principal responsável técnica pelo combate à Covid-19, Maria Van Kerkhove.

O diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Michael Ryan salientou que as situações mais preocupantes não são aquelas em que “os governos descobrem surtos, estão a tentar identificar os problemas e fazem rastreio de contactos”.

“Aquilo que nos deve preocupar são situações em que os problemas não são revelados, em que estão a ser desvalorizados, em que tudo parece estar bem, porque uma coisa é certa com a covid-19 ou com qualquer outra doença infeciosa: parecer bem não é estar bem”, declarou.

“Eu preferiria estar numa situação em que o meu governo é honesto e diz a verdade sobre a situação no terreno”, acrescentou.

Michael Ryan referiu que em relação à abertura de fronteiras e restrições às viagens e movimentações da população, é impossível adotar uma “solução’ tamanho único’”. No caso de “uma nação-ilha sem Covid-19, um caso (importado) pode ser um desastre”, ao passo que “num país como grande incidência da doença e fronteiras abertas, fechá-las pode fazer ou não qualquer diferença”.

O risco e a ameaça não são apenas a movimentação da doença entre países mas o impacto que pode ter, indicou. “Continuar manter as fronteiras fechadas não é necessariamente uma estratégia sustentável para a economia mundial, para as pessoas mais pobres ou para as outras”, referiu Michael Ryan.

Uma das consequências nas restrições de viagens, afirmou Tedros Ghebreyesus, tem sido a interrupção de fornecimentos de vacinas e medicamentos, que afeta os esforços para combater outras doenças, como a hepatite.

Na véspera do Dia Mundial da Hepatite, o diretor-geral da OMS, afirmou que a Covid-19 é “uma ameaça ao progresso que se fez” e que levou a que conseguisse atingir este ano a meta de reduzir para menos de 1% a incidência da hepatite B em crianças até aos cinco anos.

A doença, da qual existem cinco estirpes virais principais, afeta o fígado e afeta cerca de 325 milhões de pessoas afetadas pelas variantes B e C, que matam anualmente 1,3 milhões de pessoas.

A meta definida em 2016 pela Assembleia Mundial da Saúde é fazer com que doença deixe de ser uma ameaça à saúde pública em 2030, contando com novos medicamentos “que transformaram a hepatite de uma doença mortal em uma doença que pode ser curada, na maior parte dos casos, em 12 semanas”.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 649 mil mortos e infetou mais de 16,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 1.717 pessoas das 50.164 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.