O BCP registou lucros de 76 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, uma diminuição de 55% face aos lucros de 169,8 milhões de euros no mesmo período de 2019, divulgou esta terça-feira o banco.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP assinala que obteve um “resultado líquido do grupo de 76,0 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, influenciado pelo contexto Covid-19”.

Na conferência de imprensa de apresentação de resultados, que decorreu nas instalações do banco no Tagus Park, em Oeiras, distrito de Lisboa, o presidente executivo Miguel Maya referiu que o segundo trimestre do ano foi “verdadeiramente extraordinário” e “único” devido aos efeitos da pandemia de Covid-19.

BCP aprovou mais de 120 mil moratórias de quase 9 mil milhões de euros

O BCP aprovou mais de 120 mil moratórias de pagamento de créditos no âmbito da pandemia de Covid-19, sendo 97 mil para famílias e 26,5 mil para empresas, atingindo quase nove mil milhões de euros, foi esta terça-feira divulgado.

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De acordo com dados comunicados esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), juntamente com os resultados semestrais (lucro de 76 milhões de euros), o banco liderado por Miguel Maya deu conta das mais de 120 mil moratórias aprovadas, no valor de quase nove mil milhões de euros.

Das cerca de 120 mil moratórias, mais de 97 mil dizem respeito às famílias, totalizando quatro mil milhões de euros, e às empresas foram aprovadas mais de 26.500 mil moratórias, no valor de 4,7 mil milhões de euros.

Em relação às famílias, de acordo com o que comunicou à CMVM, o banco aprovou 97.419 moratórias, das quais 57.727 dizem respeito à moratória pública e 39.692 à moratória da Associação Portuguesa de Bancos (APB).

Segundo o BCP, “92% das moratórias de particulares aprovadas são relativas a crédito à habitação”.

Já no campo das empresas, foram aprovadas 26.905 moratórias, e o banco presidido por Miguel Maya assinalou também que disponibilizou às empresas mais de 2,5 mil milhões de euros de financiamento “ao abrigo das linhas Covid-19 (38,0% do montante total), com desembolsos efetuados superiores a 2,2 mil milhões” de euros.

Em junho, o Governo decidiu estender – de setembro deste ano para 31 de março de 2021 – as moratórias para créditos de empresas e particulares (que suspendem pagamentos de capital e/ou juros) e alargou também as condições em que os clientes podem aceder às moratórias.

Há ainda as moratórias privadas, da Associação Portuguesa de Bancos (APB), da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) e da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). Estas aplicam-se aos contratos de crédito que não beneficiam da moratória pública, caso dos contratos de crédito pessoal (com exceção dos contratos de crédito ao consumo com finalidade educação, uma vez que estes já são cobertos pela moratória pública), crédito automóvel e cartões de crédito.

As moratórias de crédito foram criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de Covid-19.

Segundo estimativas do Banco de Portugal, divulgadas em 24 de junho no Relatório de Estabilidade Financeira, as necessidades de liquidez para a amortização regular de capital e juros de empréstimos entre abril deste ano e março de 2021 ascendem a 17,3 mil milhões no caso das empresas e a 12,2 mil milhões de euros no caso de particulares (crédito à habitação e crédito para consumo e outros fins). Ou seja, seria este o valor que empresas e famílias teriam de pagar na totalidade se não houvesse moratórias.

BCP perde 39 balcões e 110 trabalhadores num ano e quer aumentar redução em 2021

O BCP contava no final do primeiro semestre com menos 110 trabalhadores e 39 balcões relativamente ao mesmo período de 2019, e quer aumentar as saídas em 2021, segundo dados do banco e palavras do seu presidente.

De acordo com o comunicado dos resultados semestrais (lucro de 76 milhões de euros) à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP contava, no final de junho com 7.154 trabalhadores, menos 110 que os 7.264 com que contava em junho de 2019.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, que decorreu esta terça-feira nas instalações do banco no Tagus Park, em Oeiras (distrito de Lisboa), o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, referiu que durante o semestre o banco teve uma postura “alinhada” com a da sociedade, face à pandemia de Covid-19.

O banco teve uma postura mais alinhada com as dificuldades que a sociedade portuguesa está a passar, não implementámos com o vigor que gostaríamos o programa de redução de pessoal, vamos fazê-lo mas no início do ano [de 2021], vamos fazê-lo, mas no momento em que a conjuntura económica esteja menos negativa”, afirmou Miguel Maya aos jornalistas.

Referindo-se ao rácio de ‘cost-to-core-income’ (custos de estrutura face aos rendimentos base) e ao objetivo de o ter perto de 40% (foi de 49% no primeiro semestre), Miguel Maya referiu que o banco tem “obsessão com a eficiência” e por isso vai “cortar custos porque a parte das receitas vai estar condicionada”.

O presidente do banco referiu que queria fazer a redução do rácio “pelos proveitos”, mas face aos “proveitos condicionados”, o BCP terá de “adaptar a estrutura de custos do banco e o peso dos custos de pessoal na atividade bancária é sempre significativo”.

Questionado sobre se já tem algum plano de rescisões ou reformas antecipadas, Miguel Maya disse não ter “qualquer plano para apresentar” neste momento, referindo que tudo o que o banco fizer “será feito com uma relação de enorme respeito pelas pessoas do banco”.

Já em termos de sucursais, o banco contava no final de junho com 493 balcões, menos 39 que os 532 registados no mesmo período de 2019.

Em relação ao final do ano passado, o BCP, que tinha aumentado o número de trabalhadores em 109 durante o ano de 2019 (chegando aos 7.204), perdeu 50 trabalhadores em Portugal.

Em termos de balcões, relativamente ao final de 2019, o BCP registou, em seis meses, uma diminuição de 12 sucursais, dado que contava com 505 em dezembro do ano passado.