Um grupo de empresários itinerantes de diversão lamentou esta terça-feira a “falta de confiança” das autarquias do distrito de Viana do Castelo no setor, apesar de o Governo ter autorizado o funcionamento de carrosséis após o confinamento provocado pela pandemia.

Já abriram parques de diversões na Figueira da Foz, Viseu e Lagos. Nós também precisamos de ajuda das câmaras do distrito de Viana do Castelo. Sentimo-nos tristes por não ter a confiança deles [autarcas] e um bocado desanimados por não haver nenhuma medida em concreto”, afirmou esta terça-feira o porta-voz do grupo de empresários, Hélio Amaral, no final de uma reunião na Câmara de Viana do Castelo, com o vereador com o pelouro da Promoção da Saúde, Ricardo Rego.

Em declarações à agência Lusa, Hélio Amaral explicou que o encontro resulta de uma série de audiências que o grupo de 45 empresários, de várias zonas do Norte, solicitou às câmaras do distrito de Viana do Castelo para “alertar” para as “dificuldades” que o setor está a atravessar.

Estão aqui 45 empresários. Mas podiam ser muitos mais. Há colegas que não puderam vir porque não têm possibilidades. Infelizmente alguns já foram obrigados a roubar o trabalho de outros, como motoristas ou padeiros, para poderem ganhar o seu sustento”, afirmou.

Contactada pela Lusa, fonte da Câmara de Viana do Castelo explicou “que, na cidade, dado o quadro de pandemia de Covid-19, não é possível a realização deste tipo de eventos”. A mesma fonte referiu que o encontro serviu para “estabelecer uma via de diálogo no sentido de serem encontradas outras alternativas”.

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No início de julho, contactado pela Lusa a propósito do despacho do Governo que autoriza o funcionamento de carrosséis, o autarca socialista José Maria Costa disse que não vai “permitir, nem autorizar atividades com equipamentos de diversão até 30 de setembro”.

Neste tempo de incerteza e de imprevisibilidade face ao desconhecimento da evolução da Covid-19 e de uma eventual segunda vaga, o município, num sentido de prudência, responsabilidade e respeito pela vida, não vai permitir nem autorizar atividades relativas a equipamentos de diversão até 30 de setembro”.

Já em maio, os dez municípios do distrito de Viana do Castelo, agrupados na Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, decidiram não vão licenciar romarias, festas e eventos similares que decorram até 30 setembro, para prevenir a propagação da Covid-19.

Hélio Amaral, proprietário de carrosséis explicou que na reunião foi apresentada uma proposta para a montagem de um miniparque de diversões no Campo d’Agonia, para funcionar durante o mês agosto, cumprindo todas as normas de segurança”.

A reunião foi boa, mas não foi conclusiva. Merecíamos que confiassem um bocado em nós. Acho que não é difícil. O povo cuida-se e, nós queremos cuidar do povo. Nós também cuidamos de nós. Eu estou um pouco triste por os presidentes das Câmaras do Minho não estarem a confiar em nós. Abram um bocadinho a porta, ajudem-nos um bocadinho. Se o parque não poder funcionar dois meses, funciona 30 dias. Se só podem ser montados cinco ou seis divertimentos, nós só montamos esses equipamentos. Se é preciso estabelecer horários, nós cumprimos. Cumprimos tudo, mas ficamos desanimados com este jogo do empurra”, referiu.

O porta-voz dos empresários de diversão lamentou que “os presidentes de Câmara do Norte estejam tão renitentes em ajudar e confiar” no setor que já começou a trabalhar em Viseu, Figueira da Foz e Lagos.

Os divertimentos já estão a trabalhar lentamente. Os empresários estão a cumprir e os visitantes também, e está tudo a correr bem. Fico contente com os colegas que estão a trabalhar. Já estão a ganhar o seu dinheiro para pagar a quem lhes emprestou, para comprar pão ou ajudar um familiar que esteja a passar necessidades. Aqui assim, não nos conseguimos ajudar uns aos outros”, acrescentou, garantindo que a mesma situação está a acontecer em cidades como Porto, Ovar ou Espinho.

“Os senhores presidentes de Câmara que nos ajudem. Acho que merecemos essa confiança”, apelou.

Nesta segunda-feira, além da Câmara de Viana do Castelo, o grupo de empresários tinha reuniões agendadas em Ponte de Lima e Ponte da Barca.