Portugal passou a estar na lista “negra” dos destinos por mais uma região, neste caso uma com fortes ligações económicas e culturais ao norte do país.  Os viajantes provenientes de Portugal e de cinco comunidades do norte de Espanha que visitem a Galiza a partir de quarta-feira, terão de fazer um registo em que fornecem os contactos.

A decisão foi anunciada hoje pelo governo regional galego, que considera Portugal como um “país com alta incidência epidemiológica” e tem como objetivo diagnosticar precocemente os casos de infeção por Covid-19.

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, reage com surpresa à decisão da Galiza e sugere que o norte de Portugal devia ser alvo de uma discriminação positiva, já que a situação epidemiológica no norte não é a mesma do resto do país. Ouça aqui:

Galiza colocou Portugal na lista de “países de maior risco”. “É quase um encerramento de fronteiras”, lamente presidente da CM Braga

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A medida é válida para todos os “países e territórios cuja incidência acumulada de casos de Covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias é 3,5 vezes superior à registada na comunidade autónoma da Galiza” a 23 de julho. A Galiza é a “segunda comunidade autónoma de Espanha com menor incidência acumulada nos últimos 14 dias”, explicam as autoridades regionais.

A lista de países e territórios com limitações de entrada na Galiza inclui 23 Estados da Europa, toda a África, grande parte do continente americano e cerca de 30 nações asiáticas.

Na Europa, a obrigação de comunicar os dados é estabelecida para quem chega à Galiza a partir de Portugal, Albânia, Andorra, Arménia, Áustria, Azerbaijão, Bielorrússia, Bélgica, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Croácia, República Checa, Kosovo, Luxemburgo, Moldávia, Mónaco, Montenegro, Macedónia do Norte, Roménia, Rússia, Sérvia, Suécia e Ucrânia.

Em Espanha, a medida afetará quem chegar à Galiza a partir de Aragão, Catalunha, Navarra, País Basco e La Rioja.

A obrigação de comunicar os dados detalhados de contacto também se estende aos países para os quais há falta de informações ou dados confiáveis sobre a situação epidemiológica, o que significa que será aplicada a todos os viajantes de qualquer país africano.

Na América, os países afetados são Argentina, Bahamas, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Monserrate, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, San Vicente e Granadinas, São Martinho, Suriname, Ilhas Tortuga, Estados Unidos, Ilhas Virgens, Venezuela, Haiti, Jamaica e Nicarágua.

A medida será ainda aplicada aos viajantes que provenham de países asiáticos como o Bahrein, Bangladesh, Índia, Irão, Iraque, Israel, Cazaquistão, Koweit, Quirguistão, Líbano, Maldivas, Omã, Palestina, Filipinas, Qatar, Arábia Saudita, Singapura, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão, Afeganistão, Butão, Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Mongólia, Mianmar, Nepal, Paquistão, Síria, Tailândia e Vietname.

Os alojamentos turísticos devem informar os seus clientes da medida “bem como os responsáveis de agências de viagem, operadores turísticos, transportadoras aéreas ou marítimas ou similares” quando venderem os bilhetes. Também as empresas que levam trabalhadores para a Galiza o deverão fazê-lo.

A lista será atualizada a cada 15 dias e os dados recolhidos serão apagados após 28 dias.

Internacionalmente, a “Xunta” (Governo da comunidade autónoma da Galiza) “reconhece os poderes do Governo” e lembra que “os passageiros provenientes de qualquer aeroporto ou porto estrangeiro devem preencher um formulário” relativo a dados sobre a saúde.

Por isso, indica o diário oficial da região, essas pessoas podem ser isentas de cumprir a mesma obrigação na Galiza “sempre que a administração geral do Estado ceda as informações de contacto à administração regional”.