O BE defendeu esta quarta-feira a necessidade de criar contrapartidas mais exigentes para as empresas que beneficiam de apoios públicos, na sequência da crise pandémica, para também permitir a manutenção do emprego dos trabalhadores precários.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo deputado bloquista José Soeiro em reação ao aumento da taxa de desemprego para 7% em junho, mais 1,1 pontos percentuais do que no mês anterior e mais 0,4 pontos percentuais do que no mês homólogo de 2019, de acordo com dados provisórios divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Empresas que beneficiam de apoios públicos deveriam estar impedidas de despedir, não apenas os trabalhadores efetivos, que é o que está na lei, mas também os trabalhadores precários”, sublinhou o eleito.

A contrapartida que foi “exigida às empresas” foi a de “manutenção dos empregos efetivos, mas essa contrapartida de não despedir não foi alargara aos contratos precários”, prosseguiu José Soeiro, acrescentando que houve “um conjunto muito vasto de trabalhadores que estavam em período experimental, com contratos a termo que estavam a chegar ao fim, contratados de forma intermediária através de outsourcing, que foram despedidos”.

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O deputado do Bloco de Esquerda considerou que também vai ser necessário criar “medidas políticas no imediato que sejam capazes de responder” ao “grande número de desempregados que estão desprotegidos”.

O objetivo, vincou, é “garantir que nenhum desempregado fica sem apoio”.

A criação de “emprego em áreas que correspondem a necessidades sociais” é outra forma de contrariar o aumento da taxa de desemprego, decorrente da crise económica provocada pela pandemia.

Precisamos de programas que apostem muito mais na criação de emprego, seja no setor da indústria, seja no setor dos cuidados, seja nos serviços, que possam absorver os contingentes de pessoas que vão ficar desempregadas neste contexto”, concretizou, reforçando a necessidade de uma “política que permita um planeamento de emprego que não pode ficar apenas dependente da flutuação do mercado”.

O INE também deu esta quarta-feira conta de que a população empregada em junho – dados também provisórios – registou variações de 0,1% relativamente ao mês anterior e de -3,6% por comparação com o mesmo mês de 2019.

Também esta quarta-feira, o INE reviu em alta o valor da taxa de desemprego de maio para 5,9% (os dados provisórios apontavam no mês passado para 5,5%), menos 0,4 pontos percentuais do que no mês precedente e menos 0,7 pontos do que há um ano.

José Soeiro disse ainda que os números divulgados esta quarta-feira estão “subavaliados pelo modo como se estabelecem as categorias do próprio desemprego”, uma vez que apenas são “considerados os chamados desencorajados, os inativos que deixaram de procurar emprego” e que “não são contabilizados”.

Por isso, o número de desempregados em Portugal deverá ser “superior àquilo que as estatísticas revelam”, mas “isso não é de agora”, vincou.