A peça “O Burguês Fidalgo”, que se estreia no dia 6 de agosto e assinala o arranque da temporada do Teatro Nacional São João, no Porto, transporta a clássica comédia-balé de Molière para a atualidade, assim como a crítica social.

A convite do Teatro Nacional São João (TSNJ), a companhia portuense do Teatro da Palmilha Dentada vai assinalar, no Teatro Carlos Alberto (TECA), no Porto, o arranque da temporada 2020/2021 dos seus espaços, a partir da obra de Molière, escrita em 1670.

Em declarações aos jornalistas, à margem do ensaio de imprensa, o dramaturgo Ricardo Alves, e encenador do espetáculo, afirmou que Molière era dos poucos autores que o perdoaria, por ter “destruído o texto”.

Molière tinha sentido de humor para aceitar, de maneira que, quando o [diretor artístico do TNSJ] Nuno Cardoso me desafiou a fazer uma versão deste ‘Burguês Fidalgo’ achei piada”, admitiu, observando que, da mesma forma que “não tem ‘respeito’ nenhum por Molière”, pede aos atores para que também não tenham “respeito” por ele que, rescrevam o seu texto e “improvisem” nos ensaios.

A adaptação de Ricardo Alves de “O Burguês Fidalgo” leva a palco 14 das 17 personagens da obra original, que, através do humor e da comédia-balé, fazem críticas à sociedade, aos seus costumes e onde também caracterizam os novos tempos: os da pandemia da Covid-19, com vários elementos teatrais a relembrá-la.

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Não posso ignorar que o público está a pensar na pandemia. Era impossível ignorar e, se não podes ignorar, assumes logo na peça”, referiu o encenador, acrescentando que as personagens não só enfatizam o distanciamento social, como, ao longo da ação, recorrem várias vezes ao desinfetante.

“Não sei fazer mais nada a não ser divertir. Costumo pegar em quase todos os assuntos estruturantes da atualidade. O público sairá com algumas perguntas inquietantes, mas, acima de tudo, é comunicação para diversão”, disse o encenador.

Resultado de uma coprodução do TNSJ e do Teatro da Palmilha Dentada, “O Burguês Fidalgo” estreia-se no dia 6 de agosto, e fica em cena até ao dia 20 desse mês, custando o bilhete 10 euros.

A peça pode ser vista à quarta-feira e sábado, às 19h00, à quinta e sexta-feira, às 21h00, e, ao domingo, às 16h00.

No dia 16 de agosto, o espetáculo, que conta com tradução em Língua Gestual Portuguesa, conta com uma conversa no final da sessão, entre os que estão em palco e o público.