O CDS de Ovar entregou esta quinta-feira ao Presidente da República um dossiê sobre a crise gerada pela Covid-19 nesse concelho do distrito de Aveiro, apelando à sua intervenção para melhorar a economia, a saúde e a justiça locais.

A reunião com Marcelo Rebelo de Sousa surgiu por iniciativa do eleito do CDS na Assembleia Municipal de Ovar, Fernando Camelo de Almeida, que a 22 de julho solicitara essa audiência ao Presidente da República numa carta aberta em que lhe recomendava que não participasse nas celebrações do Dia do Município por as considerar “folclore político” para promoção pessoal de Salvador Malheiro, que preside à autarquia vareira e é vice-presidente nacional do PSD.

A sugestão de não-comparência foi partilhada pelo líder da concelhia vareira do CDS, Daniel Malícia, mas Marcelo Rebelo de Sousa manteve a sua presença nas celebrações — foi inclusivamente distinguido pela Câmara com a Medalha de Ouro de Mérito Municipal — e argumentou que essa participação constituía para com a comunidade local “um misto de homenagem e de esperança no futuro”. Isso não o impediu, contudo, de agendar a requerida reunião com o CDS vareiro.

Esta tarde, Fernando Camelo de Almeida e Daniel Malícia entregaram-lhe assim informação detalhada sobre a realidade do concelho que, “mais de quatro meses após o início da pandemia, está numa situação económica muito difícil, apesar de o Presidente da República ter dado a entender no sábado [do Dia do Município] que essa área estava a recuperar muito bem”.

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Em declarações à Lusa, os representantes locais do CDS rejeitaram que assim seja “porque há muitos restaurantes e lojas a fechar” e dizem ter feito notar no Palácio de Belém que, “ao fim de quatro meses, ainda não se vê nenhuma medida específica no terreno” para ajudar os empresários de Ovar. Acrescentam que Marcelo Rebelo de Sousa se mostrou “particularmente sensível à questão da economia local”, disponibilizando-se para apelar ao Governo no sentido de esse dar a devida atenção ao problema.

O Presidente da República esteve muito recetivo a essa questão e também à da saúde”, realça Daniel Malícia, em referência ao recente encerramento de várias unidades de cuidados primários em Ovar e à redução de horário na Consulta Aberta do Centro de Saúde da sede do concelho.

Fernando Camelo Almeida afirmou que o Presidente da Republica mostrou compreender a pertinência da reabertura do Serviço de Urgência Básica do Hospital Francisco Zagalo, no mesmo município, considerando que, além de 55.400 habitantes, o território “tem muita indústria e regista um grande aumento na sua população flutuante durante a época balnear e o Carnaval”.

O terceiro tema em destaque na reunião com Marcelo Rebelo de Sousa foi o sistema judicial, com os representantes do CDS a pedirem “maior celeridade na condução de processos judiciais e de investigação” como o que envolve a empresa de betonagem ABTF e a Câmara Municipal de Ovar, na sequência de vários avanços e recuos no licenciamento da laboração dessa unidade do Grupo Tavares.

Como há casos que são autênticas novelas e se arrastam há anos, é preciso que estes processos na Justiça cheguem a uma efetiva conclusão, para que quem infringiu a lei possa ser punido e quem não a violou se veja finalmente ilibado e deixe de viver neste clima de suspeição”, conclui Fernando Camelo de Almeida.

O município de Ovar esteve sujeito a cerca sanitária de 18 de março a 17 de abril devido à disseminação comunitária da Covid-19, o que implicou o controlo de entradas e saídas no concelho e a suspensão da maioria da sua atividade empresarial.

O último boletim da autarquia registava quarta-feira um total acumulado de 40 óbitos e 758 infetados com o vírus SARS-CoV-2, sendo que os recuperados eram já 709 e com sintomas ativos estavam apenas nove pessoas.