Foi o primeiro nome a anunciar a intenção de avançar com uma candidatura às eleições do Benfica, apresenta agora em termos oficiais o programa e demais ideias para o futuro dos encarnados. Rui Gomes da Silva, advogado, antigo ministro e ex-vice da Direção de Luís Filipe Vieira, lançou esta quinta-feira a campanha que terá como lema “O Benfica é Nosso” e que tem como principal fundamento “devolver o clube aos verdadeiros donos, os sócios”.

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“Vamos recuperar o Benfica dos benfiquistas, por oposição ao atual Benfica dos negócios obscuros, dos processos judiciais e da falta de resultados, com um projeto que se caracteriza pelo rigor, responsabilidade, seriedade e transparência. O Benfica é património de todos os benfiquistas, é um clube ímpar e merece uma liderança que aposte na conquista de títulos, na internacionalização e no talento”, assumiu Gomes da Silva no lançamento.

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“O Benfica não é um negócio, não é um projeto financeiro, não é uma infraestrutura, não é um entreposto de jogadores. O Benfica é nosso! De todos, para todos, com todos! O Benfica é o adepto, a claque, o sócio, um emblema, uma cor, um estádio, uma história … uma grande História! Mas é, também e acima de tudo, um ideal e uma forma de estar na vida e no desporto. Um ideal cujos alicerces são os valores em que assenta o ‘ser do Benfica’.  E esses valores são os que estão presentes desde a fundação do nosso Clube. Um ideal que assenta nos valores éticos e morais que devem estar sempre presentes, no desporto como na vida”, defende numa carta aberta, com outras ideias como a defesa da determinação, da tolerância, da unidade, do ecletismo e da democracia. “Não interessa ganhar a todo o custo, Interessa ser o melhor, porque o melhor geralmente ganha”, diz.

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Em termos de visão, Rui Gomes da Silva dá prolongamento a várias intervenções públicas em que defendeu o Benfica como “uma potência do desporto europeu e mundial”. “A verdadeira grandeza do Benfica mede-se na escala internacional e não na escala nacional. O lugar do Benfica é entre os grandes clubes desportivos do mundo. Com este projeto pretendemos dotar o Benfica, na próxima década, de capacidade para: lutar pela Liga dos Campeões da UEFA (masculina e feminina), lutar pela Liga Europeia de hóquei em patins, lutar pela UEFA Futsal Cup, participar nas principais competições europeias de clubes de andebol e de voleibol e ser competitivo no basquetebol europeu”, destaca o antigo dirigente, falando não só do futebol mas das modalidades.

No programa de campanha, Rui Gomes da Silva apresenta cinco pilares estratégicos que norteiam aquilo que preconiza em termos gerais para os encarnados, do futebol às finanças passando pelos estatutos.

  • Futebol profissional. Menos e melhores contratações; recuperação da autonomia total da política de contratação de jogadores; efetuar protocolos com clubes de primeira e segunda divisões dos principais países europeus; formar para reter e não para vender; sustentabilidade financeira através de receitas operacionais e não através da venda de talentos; aumentar e melhorar a rede de scouting mundial; redução do número de jogadores do plantel principal e sob contrato; aproveitar oportunidades para contratar a custo zero jogadores mais experientes; estrutura do futebol bem definida e com um diretor para o futebol competente e com voz ativa; criação de uma cultura de profissionalismo e de máxima exigência no futebol profissional; assegurar um maior protagonismo do Benfica na governação do futebol em Portugal; integração do futebol feminino na SAD, com reforço da aposta, utilização do Seixal e realização de jogos na Luz.

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  • Futebol de formação. Manutenção e ampliação das valências do Benfica Campus e disponibilização das mesmas ao futebol feminino; passagem da formação para a SAD, garantindo, desta forma, uma gestão estruturada e consistente de todo o futebol feminino e masculino; melhorar a rede de olheiros a nível nacional e de scouting em termos internacionais, de modo a que se consiga captar jogadores ainda muito novos, de elevada qualidade; oferecer aos atletas um projeto desportivo e educacional forte; os treinadores das equipas de formação poderão ser jovens com valências técnicas e formativas de excelência mas sempre ajudados por um elemento na equipa técnica com história e glória no clube que passe a mística e a grandeza do Benfica aos jovens; manutenção apenas de uma das equipas: Sub-23 ou B.
  • Democratização e alteração dos estatutos. Ajustamento do número de votos consoante a antiguidade; revisão das condições de elegibilidade do presidente e dos demais membros dos órgãos sociais; robustecimento do processo de voto eletrónico; implementação do sistema eleitoral a duas voltas; limitação de mandatos do presidente a dois consecutivos de quatro anos; eleições devem ser agendadas para um período temporal compreendido entre abril e junho; aumentar o poder dos sócios nas decisões do clube; reforçar da estratégia de comunicação do clube e da SAD; contratação de profissionais competentes e qualificados que, a estes atributos, aliem também o seu benfiquismo; transparência na comunicação com os stakeholders do Benfica; revisão do modelo de gestão do museu e criação de um comité de história do clube.

[Ouça aqui o “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador com Rui Gomes da Silva]

“Benfica não pode ser só números e um entreposto”

  • Modalidades e Benfica eclético. Libertação de fundos do orçamento do clube com passagem das despesas associadas ao futebol feminino e ao futebol de formação para a SAD; garantir orçamentos fortes e equilibrados para as principais modalidades de pavilhão; investimento na formação de jovens atletas; projeto de iniciação às modalidades nas casas do Benfica, com ligação às escolas da região; rede de scouting para controlar e garantir os melhores jovens atletas nacionais das várias modalidades; aumentar a eficácia na contratação de jogadores estrangeiros; reforçar a aposta nas equipas femininas, garantido a competitividade e a hegemonia nacional nas principais modalidades de pavilhão; manter a aposta no projeto Benfica Olímpico; avaliar a construção do um centro de alto rendimento para as modalidades; estudar aprofundadamente a viabilidade do regresso do ciclismo; criação de laboratórios com informações estatísticas para as modalidades; recorrer à ciência e à tecnologia para potenciar as competências técnicas.
  • Finanças, internacionalização e Benfica SAD. Transferir os custos do futebol de formação e do futebol feminino do clube para a SAD; avaliar contrato com a NOS; criação da BTV2 completamente gratuita;criação de mecanismo de controle de interno que impeça a antecipação de receitas; melhorar a comunicação da SAD; revisão da gama de produtos de merchandising e do respetivo pricing; avaliar a possibilidade de internacionalização do marketing dos produtos da marca Benfica; avaliar a possibilidade de criação de uma marca própria para os equipamentos desportivos; criação de plataforma de streaming para distribuição de conteúdos em multiplataforma, incluindo conteúdos de cariz histórico; disponibilização dos conteúdos em multiplataformas, através de acesso web, dispositivos móveis e no serviço cabo; criação de conteúdos para o Youtube; sistema de fidelização dos sócios através da atribuição de pontos; negociação do naming do estádio e alteração da imagem exterior do estádio e do espaço circundante; alteração do modelo de governação da SAD; adoção de um sistema de remuneração variável para todos os colaboradores da SAD e do clube.